domingo, 30 de maio de 2010

Montréal




Aproveitamos o feriado do dia da rainha para o lado anglófono e dia dos patriotas para o Québec (descendentes de franceses não teriam muito o que comemorar no dia da raínha da Inglaterra após serem dominados por eles) e fomos finalmente conhecer uma cidade de interior: Montréal. Sempre faço essa piada sem graça porque acho muito curioso a segunda maior cidade do Canadá não ser a capital da província e sim uma cidade de apenas 500.000 habitantes.
Primeiro quero deixar registrada aqui a minha matutice em relação a qualidade da estrada entre Québec e Montréal. Primeiro de tudo, são duas, mas fomos e voltamos pela autoroute 40 porque passa por Trois-Rivières. Duas pistas de cada sentido com acostamento e 50 a 100 metros de distancia entre eles, com uma sinalização excelente e com uma pavimentação perfeita. Se vocês já estão acostumados com isso, tudo bem, mas eu tenho um coringa na manga: Tem um sonorizador na lateral das pistas para acordar os dorminhocos em toda a extensão da estrada. Isso pode salvar vidas e acho que não tem no Brasil. Vejam a foto a seguir. Se onde você mora/morava também tem isso, então é porque eu sou matuto mesmo!
Depois de 3 horas e 260 kilometros de viagem, fomos muito bem recebidos e hospedados na casa dos ex-conterraneos Lino e Cecília (http://www.leparcours.net), que moram perto dos também cearenses Márcio e Tuana (http://indoemboahora.wordpress.com) e da também cearense que conhecemos lá, Manuela (ou Carol, se preferirem!). Uma coisa que me chamou logo a atenção foi o fato de eu ouvir muito mais inglês que francês nas ruas, supermercado, e em outros lugares que nem são turísticos. Depois descobri que, ao contrário do que todos pensávamos, essa região é mesmo mais anglófona.







Outra coisa curiosa é o serviço de aluguel de bicicletas Bixi. Por 78$/ano, os usuários podem pegar uma bicicleta em um dos inúmeros estacionamentos e devolvê-la no mesmo ou em outro. E vi muita gente usando essas bixicletas (Nota do tradutor: É bicicleta no idioma da Xuxa) por lá.
Estava fazendo um calor fiu duma égua/horrível. Usei uma expressão cearense porque me senti de volta à terrinha quente. 33 graus e um sol de deixar marcas de brozeado, embora não seja como o de lá. Por isso fomos à Place des Arts para que as crianças se divertissem nas fontes e ao mesmo tempo se refrescassem.







No dia seguinte, visitamos a basílica de Notre-Dame e fomos conhecer o Mont-Royal, que deu o nome à cidade. O parque é grande e bonito. Tinha muita gente praticando esportes, fazendo piquenique e aproveitando o "solzinho". Do topo do monte, a vista da cidade é muito bonita.







Tem uma construção que serve de apoio com máquinas de bebidas e lanches e dois microondas. Descendo, para o lado do lago, tem também um restaurante/lanchonete para almoço e gente nos matando com o cheiro de churrasco!







Um recurso útil para os deslocamentos na cidade é o celular com acesso à Internet. O Lino e a Cecília fazem a programação da rota pelo Google Maps para saber qual ônibus e metro pegar, e a que hora. Aqui em Québec, a companhia de transportes não repassa os dados para a Google, mas ela tem a sua própria ferramenta que é o Trajecto. Depois de instalar outro browser no meu Nokia, o Skyfire, agora posso fazer isso também (invejoso!!!). Já conhecia o metro de São Paulo, então não fui matuto nesse quesito. Mas não esperava ver o metro com pneus de borracha como os de um carro. Eu esperava pneus como os de trens. Para o meu espanto, não vendiam bilhetes de uso livre por um dia na estação onde estávamos, somente com o cartão, que custava 2,50$. O legal da estória é que é o mesmo cartão Opus que usamos aqui em Québec, mesmo sendo outra empresa de transportes. Carregamos os nossos dois, o Davi não paga e o cara disse que a Lara não precisava pagar também, mesmo o informativo dizendo que paga um valor menor entre 6 e 11 anos. Bom, deixa prá lá.







Infelizmente, as crianças se cansam mais cedo que os adultos e isso limitou os nossos passeios. E olhe que andei muito e subi ladeiras e o monte carregando os 15 quilinhos do Davi! Andar kilometros todo dia na neve me deu marra para isso.
Sem dúvida, a solução para a acomodação das visitas é o sofá-cama de casal e os colchões infláveis. Os que compramos não deixam nada a dever a colchões normais e são super práticos e portáteis. Agora temos lugar para nós quatro, com mais quatro visitas aqui em casa (que na verdade é um apartamento). Só falta o pessoal do Brasil guardar dinheiro e criar coragem para nos visitar. E para quem tem medo do frio, basta virem no verão que vão ver um Canadá quente de derreter o juizo como o nordeste brasileiro.

sábado, 29 de maio de 2010

Île d'Orleans



Para aproveitar o final de semana agradável, resolvemos dar uma conferida na Île d'Orléans/Ilha de Orleans que fica a uns 15Km daqui de casa seguindo para leste, depois de Beauport. É pertinho e valeu a pena. Como o rio São Lourenço é utilizado por navios de porte considerável, a ponte para chegar lá é bem altinha. A ilha é muito bonita. Tem um ar bucólico, com fazendas e uma casas magníficas. Mais bonito ainda é ver essa paisagem com o colorido da privamera.
Não vimos de cara estabelecimentos como restaurantes ou lanchonetes, mas tem uma relação no site http://www.iledorleans.com. O que encontramos foi uma galeria de arte bem interessante. Tirei umas fotos até encontrar o aviso de que é proibido fazê-lo. Agora já era! Também tirei umas foto de fora porque, como casa, é um espetáculo de agradável.
A ilha é chamada de berço da América francesa porque lá se estabeleceram as primeiras quase 300 famílias fundadoras da Nouvelle-France/Nova França. E por causa do valor histórico e turístico, estão querendo construir uma segunda ponte ou túnel entre Québec e Levis neste lado, mas sem passar pela mesma para preservar o seu estado atual. Na saída da ponte, vimos duas quedas d'água do Parc de la Chute-Montmorency, mas isso é um assunto para outro post, quando fizermos mais uma incursão turística por lá.


sábado, 22 de maio de 2010

Curiosidades, parte 2,5


No post anterior, havia dito que por aqui não tem carro italiano e que nunca tinha visto uma Ferrari. Foi só eu fechar a boca (ou o teclado) e peguei de uma foto só três Ferraris!!! Tabarnouche!!! (Nota do tradutor: Variação suavizada de tabarnak, equivalente a dizer em português "caracas") O Davi só não pulou do carro porque ele fica muito bem preso pelos cintos de segurança na cadeirinha dele. Ele adooooora carros esportivos! Isso foi em uma parte da Grande Allée que é bem badalada, com uns restaurantes muito chiques.
E por falar em Davi, uma curiosidade que faltou eu falar foi que ele agora é muito enérgico também em eletricidade estática. Aqui o ar é mais seco, então, ele acumula eletricidade estática porque arrasta os sapatos no chão. E muito mais que isso, quando desce de escorregador. Dá para escutar os estalinhos tec, tec, tec enquanto ele desce. Quando vamos pegar no braço dele, POC!!! Dá um choque que fica coçando e quem está perto escuta o estalo. Outro que dá muito choque é o carro por causa do atrito com o ar. Um dia desses, cheguei a derrubar a chave por causa do susto.
E por falar em chocante, uma curiosidade saída do forno que acabei de acabar de ler é que se perdermos os documentos, possivelmente vamos recebê-los de volta em casa pelos correios. Quoi/o que?!?!?! As pessoas colocam os documentos na caixa dos correios e eles são obrigados a entregá-los no nosso endereço. Taí que essa eu nunca iria imaginar! Mais detalhes neste post: http://chezlesprest.blogspot.com/2010/05/perdeu-seus-documentos-no-canada.html

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Curiosidades, parte 2


Vocês sabiam que apesar de Montréal ficar a somente 260Km e 3 horas de viagem daqui, existe uma defasagem de até três semanas entre as mudanças na vegetação a cada estação? Não?!?! Eu também não sabia.
 E por falar em estação do ano, se o apartamento estiver com uma temperatura menos confortável que o desejado, o uso de lâmpadas incandescentes pode aumentar um ou até mesmo dois graus. Se é de gastar energia com um aquecedor complementar ao sistema coletivo, desse jeito gasta-se a energia mas ao mesmo tempo ilumina-se o ambiente. Existem também aquecedores direcionais que gastam menos energia que aquecer a casa toda.
E por falar em casa, como é que podemos fazer compras vai Internet se sai todo mundo de casa, não tem empregada e nem porteiro? O "carteiro" deixa um papel dizendo que a encomenda pode ser recebida na agência dos correios mais próxima que, no nosso caso, fica na esquina cada vez mais mágica.
E por falar em eficiência, fiquei surpreso quando troquei o chip pré-pago pelo pós-pago porque a comutação de linha é instantânea. O celular já recebe ligações no mesmo número assim que o religamos. O mais impressionante para mim foi trocar um canal pouco interessante pela RDS no site da Vidéotron e após apertar o botão de confirmação, o decodificador já passou a exibir o canal no mesmo momento, bem no começo do jogo do Canadiens! Vamos ganhar a copa Stanley!!!
E por falar em rapidez, escolham o que tiver de escolher logo senão o atendente escolhe por você para não perder tempo! A Mônica escolheu o sabor de morango para o sorvete, mas tinham dois. A mulher nem perguntou qual dos dois ela queria. Também aconceceu outro caso semelhante comigo, mas não lembro com o que foi.
E por falar em não lembrar, no Brasil eu não usava mais os cheques porque muitas vezes são acompanhados de burocracia para minimizar os calotes. Aqui se usa cheque até para terem somente os dados bancários. Neste caso, eles escrevem que o cheque está anulado.
E por falar em calote, no Brasil o cheque volta por estar sem fundos. Chegou ontem uma correspondência enviada pelo banco com os cheques que usamos, mas que foram devidamente compensados e carimbados. Voltaram apenas para que tenhamos registro e para servir como recibo.
E por falar em diferenças entre países, ouvi algo relativo a proibição do uso de carros com o volante no lado direito. Hein?!?! É isso mesmo. É raro, mas tem carros aqui que são do padrão da Grã-Bretanha (Eca! Grã fica esquisito pacas em português!) e da Austrália. Acho correto porque é complicado de ultrapassar estando sentado do lado oposto.
E por falar em carros, vejo por aqui os alemães Audi, BMW, Mercedes, Porsche, VW, mas nenhum italiano, nem francês. Não vejo Ferraris por aqui mas provavelmente não por causa do preço. Aqui a galera tem muuuuita grana para comprar carro. Acho que é apenas uma questão cultural. O que se vê aqui são os ícones norte-americanos chamados de muscle cars/carros "musculosos": Mustang, Camaro, Corvette, Charger, etc.
E por falar em Charger/carregador, vou recarregar minhas baterias para o dia de amanhã!
Vou ver se junto mais curiosidades para um terceiro lote.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Não encontro isso no Canadá: Ligue o desconfiômetro!


Muito antes de pensarmos em vir para o Canadá, já existia uma gozação que até hoje é lembrada entre os imigrantes. Em uma lista de discussão, alguém perguntou se tinha para vender aqui ou se precisava levar do Brasil uma panela de pressão. Depois disso, com medo de não encontrar aqui, já vi gente querendo trazer de tudo, desde rodo e farinha láctea até móveis e granito, importando por navio. Estou falando sério!
Gente! Apesar de estarmos bem perto, vocês não estão vindo para o meio do polo norte! Em parte, isso é fruto de alguns que alardeam que não encontraram blá, blé e bli. De fato, algumas coisas são difíceis de encontrar, ou até nem mesmo são vendidas aqui. Mas normalmente tem uma razão. É importante termos em mente que muita coisa aqui é bem diferente, desde o clima e comidas até os costumes. Então, agucem (Nota do tradutor: Isso é português, do verbo aguçar, mas o cearense está pensando em francês, onde o verbo é bem mais utilizado) a percepção para saber se não estão tentando fazer igual a história dos índios usando rádio. É uma história didática que diz que os índios não aprovaram a comunicação via rádio porque ele faz menos fumaça que a madeira para transmitir sinais de momaça (Nota do tradutor que não está traduzindo nada hoje! É fumaça no idioma do Davi). Ou seja, não necessariamente algo novo vai funcionar da mesma forma que se fazia com o velho.
Seguem alguns exemplos para ajustarem o desconfiômetro.
-Esse é o exemplo mais legal que lembro para ilustrar o que quero passar. É difícil de encontrar filtros aqui. Quando encontramos, muitas vezes são de adaptar na saída da torneira e são uns trambolhos. Claro! Aqui a água da torneira é de boa qualidade e é de lá de onde bebemos diretamente! Nunca viram em filmes a pessoa acordar no meio da noite e beberem água na torneira do banheiro? Comprei uma garrafa que tem um filtro embutido só para ter um conforto mental, mas também tomo direto da torneira. É bom usar uma garrafa aberta para deixar o cloro evaporar e melhorar o gosto.
-Lembrei de escrever isso porque meu desconfiômetro disparou quando estava a caminho da Canadian Tire para comprar pregos para prender um quadro na parede. Daí, lembrei que a parede é de drywall/"gesso" e não alvenaria como usualmente é no Brasil. Por isso, poderia ser que o prego ficasse frouxo facilmente. Pensei em um parafuso, mas chegando lá vi que uma outra solução é mais apropriada. Vejam na foto. Os pregos são obrigados a ficar em diagonal para baixo e o quadro tem uma espécie de cabo de aço atrás para pendurar nos ganchos.
-Na lista, vi as pessoas batendo cabeça para encontrar rodo. Não se joga água em piso de madeira, portanto, não precisamos de rodo. Para limpar o chão, existem esfregões que são mais práticos que um rodo com um pano de chão enrolado.
-Ferro de passar, tem, mas pouca gente usa e só para alguns tecidos que são evitados. Se dá para evitar o trabalho de passar roupas, porque não?
-A panela de pressão é função do que se vai cozinhar. Dizem que é essencial para o feijão, mas tem feijão aqui que é pré-cozido ou algo assim que dispensa o seu uso. Também, nem lembrava mais que existia feijão! Mas mesmo assim, se for essencial à sua sobrevivência, tem para vender sim!
-Agora um exemplo cultural. Aqui se usa demais a boite vocal/secretária eletrônica. Se ligarem para alguém ou alguma instituição e não atenderem por mais de uma vez, não estranhem. Simplesmente deixem um recado dizendo nome, telefone e opcionalmente o assunto que normalmente eles ligam de volta. Também é recomendável não atender o telefone no meio de uma reunião ou conversa mais importante, já contando que alguém vai deixar recado com a nossa amiguinha. A não ser que vejas que é importante, claro. É a cultura do uso eficiente do tempo.
O importante é ter em mente que aqui é outro ambiente e vir de mente e coração abertos para que a adaptação seja mais suave e rápida. Pensando de uma forma mais abrangente que os exemplos que usei aqui, evitem criticar alguns costumes daqui sem antes tentar saber o porquê deles. Por exemplo, os apartamentos feitos quase que totalmente de madeira, ironicamente são ecológicos! É porque a madeira tem um isolamento térmico melhor, reduzindo o gasto de energia, evita a poluição das indústrias de fabricação dos outros materias, é reciclável e pode ser extraída de maneira sustentável.

sábado, 15 de maio de 2010

Dicas de garderie


Alguns brasileiros que já têm mais tempo e experiência deram boas dicas na lista de discussão Canada Immigration Brasil sobre garderies. Vou usar o blog como meio de divulgação delas.
Da nossa parte, conseguimos uma garderie de 25$/dia em meio familiar e vamos pagá-la com os benefícios dos governos federal e provincial. Demos entrada em alguns e estamos esperando as respostas, mas descobrimos outro. Na pior das hipóteses, o dinheiro que a Mônica vai receber da francisação vai pagar a maior parte dos custos. Estamos tentando também matricular o Davi em uma das escolas pré-maternal Montessori. O custo sobe dos 550$ para 580$ a 660$ dependendo da escola e da hora de saída, pois pode ou não precisar do uso do service de garde(zzzZZZ Xii!!! O tradutor dormiu!) da escola. Quando tivermos respostas dos benefícios, eu descreverei como requerê-los.
Segue as partes mais interessantes da discussão.

Márcio Jo:
...

- Garderie - Se vcs estiverem trabalhando, procura durante a noite nos sites e na hora do almoço liga para la para ver qdo começam as matriculas. Nada de fila de espera pq para mim isso nao funciona. Se a sua esposa nao estiver trabalhando, ela pode ir nas garderies ou ligar para elas e ver as datas das matriculas... Sites interessantes
 
...

Essas lista de espera nao funcionam...

Eu acho estranho.. coloquei minh filha em garderie de 27 pila/dia após 2 semanas que cheguei aqui em Ville... ficou exatamente 47 dias e ja achei vaga para CPE de 7 pila... Segredo? Ligar e ligar, nada de fila de espera... Agora em maio é quando as garderies recebem a resposta de quem fica e de quem sai... Sugiro que no meio de maio, começo de junho já comecem a ir diretamente na garderie para ver se ja tem vaga ou nao para setembro...

Pelo que percebi, as filas de espera sao para as vagas disponíveis e de ultimo caso, entao esqueçam as lista de espera... Vai ligando e vai indo nas garderies, pergunta qdo começa as inscriçoes para novos estudantes e ja mete a cara no primeiro dia... Agora, se tentar depois mais perto de agosto/setembro qdo começam o ano letivo, já é tarde... Se tentar procurar após ter começado o ano letivo, quase 0% as chances de achar vaga... A hora de achar vaga para garderie de 7 Pila é agora...

Vaga para garderies em meio familiar, vc consegue toda hora, pois variam os custos de 25 à 40/dia entao é relativamente fácil achar.... Fica ae a dica... 

 Em relaçao à subvençao das garderies... Nao sei se ja foi comentado ou se ja sabem, mas vc pode pegar a cada 3 meses a restituiçao dos valores pagos relativos à garderie de meio familiar... Verifica no site ou conversa com a gardienne, certamente ela sabera como fazer... Tem dias certos para fazer essa requisiçao... 
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Ahhh tem a questao de idade também... Muitas garderies em meio familiar e CPE's aceitam somente crianças à partir de 18 meses... entao é preciso verificar isso também...
 Denise Leitão:
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A falta de vagas nas creches se deve às vagas subsidiadas e ao reembolso. Vá ver quanto custa uma creche em outra província para uma família com uma renda anual de 40k, por exemplo. Falta vaga, lógico, ninguém é obrigado a ficar em casa porque não consegue pagar creche, então todo mundo põe na creche.
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Corrigindo... A outra garderie não é mais cara. Se for mais cara, é coisa de centavos,a única diferença é que você paga para a garderie e o governo te manda um cheque (antecipado) cobrindo a diferença ao invés de subsidiar a garderie diretamente.
...
Boas dicas Marcio

Vou só acrescentar algumas coisas, que vale para muita gente.

O reembolso trimestral (para despesas com garderies de mais de 7$ por dia) é antecipado.

Informações abaixo, em inglês:

http://www.revenu.gouv.qc.ca/en/citoyen/credits/credits/credit_remb/credit_enfant/versements/conditions.aspx

A primeira prestação vc recebe mais ou menos um mês após enviar os documentos, e não tem que esperar as datas citadas, após a primeira prestação sim vc recebe em janeiro, abril, julho e outubro. Eu recebo há mais de um ano, estou super satisfeita, e não sinto a menor necessidade de procurar uma garderie de 7$/dia, o que aumenta imensamente as possibilidades de escolha para o meu filho.

Há garderies em meio familiar subsidiadas (custam 7$ por dia) também. Geralmente suas vagas não dependem de listas de espera, e sim são postadas no Kijiji ou anunciadas de alguma outra forma "informal".

Para os CPEs, eu vou discordar um pouquinho do Marcio. Tem CPE (pelo menos aqui em Montreal) que nem aceita ligação muito menos visita, manda ligar para o Enfance Famille direto, então nem sempre adianta ficar ligando, nem dá para ir lá ver quando é a matrícula, porque isso é inexistente. é melhor "desencanar" desses CPEs pelo menos até a criança completar uns 3 ou 4 anos, quando então há mais vagas e talvez ficar ligando funcione.

Mas mesmo para as garderies particulares, vale a regra de que eles não ligam para a lista de espera. Se abriu uma vaga e apareceu alguém interessado, fica com a vaga. A lista de espera (a não ser do Enfance Famille, quando eles ligam para os pais da criança que já está com 4 anos)é inútil, só serve para quando vc ligar de novo falar que teu filho já está na lista de espera. Tem que ligar e insistir, mas eu acho que o que adianta mesmo é ligar bem quando apareceu uma vaga, por isso recomendo olhar o kijiji e o Ma Garderie diariamente, talvez até mais que uma vez por dia, assim quando aparecer uma vaga vc liga.

Não dá para criticar o governo do Quebec por falta de garderie, houve um baby boom enorme nos últimos anos, e também o fato de existirem garderies subsidiadas ou com reembolso faz com que mais gente as procure.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

O que o gelo nos ensina


Esquisito o título, não? Como pode um objeto inanimado nos ensinar algo?
A Lara vai bem na escola. Ela já fala algumas frases em francês e aprende rápido, mas o tempo durante o qual ela está na escola é pouco para que ela possa conversar. Por isso, ela ainda não fala na escola, embora entenda muita coisa e tenha boas amizades. Porém, nesta semana, ela resolveu responder présent/presente durante a chamada. Os colegas começaram a rir. A professora logo tratou de explicar que não se deve fazer isso e pediu para que aplaudissem a iniciativa dela. Criança é espontanea e ri sem maldade. E a Lara pronuncia muito bem. É tanto que eu corrijo a minha pronúncia pela dela em certas palavras que ela conhece melhor. Provavelmente riram porque não esperavam que ela respondesse dessa vez.
Mas quando a Mônica me contou isso, fiquei com um aperto no coração. Hoje a Lara é bem desinibida e fazia apresentações de dança para um público que lotava o grande auditório. Mas antigamente ela era super tímida e ficava muda quando encontrava alguém pelas primeiras vezes. Definitivamente não é um bom primeiro passo, mas um escorregão inesperado, seguido de uma queda.
E hoje foi a minha vez. Cheguei super empolgado no trabalho com a vitória dos Canadiens de Montréal que eliminaram o adversário estadunidense por 5 a 2 e foram para as semifinais da copa Stanley de hockey. Eu puxei a conversa mas em poucos segundos os colegas de trabalho começaram a conversar falando muito e em pouco tempo. É o tipo de conversa muito dinâmica onde as pessoas disputam uma oportunidade para falar. Devido a minha limitada capacidade de expressão, fiquei excluido do grupo. O almoço foi em um restaurante perto do trabalho para comemorar a contratação do novato que está trabalhando há umas duas semanas e o fim de uma etapa difícil do trabalho. Não deu outra. O novato, que é québécois, se integrou muito rapidamente, já contando estórias e fazendo piadas. E eu nem mesmo as entendia porque além de falarem rápido e mais displicentemente, tinha barulho no restaurante. Entre os risos dos bate papos animados, ao menos pude conversar um pouco com o indiano que, apesar de morar aqui no Québec há cinco anos e entender bem o francês, também ficou literalmente de canto como eu. No caso dele, acho que mais por ser muito sério.
Novamente, não fazem por mal mas sim por ser algo natural conversar e se divertir, mas é difícil para mim porque gosto muito de interagir com as pessoas. Me senti como a Lara na escola.
De repente, quando menos esperamos, estamos caídos no gelo, avaliando o que está machucado, doendo, e vendo as outras pessoas de baixo para cima com um sorriso no rosto por causa da nossa queda. Criança cai quando está aprendendo a andar e por alguns anos mais por não dominar bem os movimentos em todas situações. Mas quando um adulto cai, dói no corpo mas também no orgulho. É humilhante e vergonhoso para nós adultos cair. Mas não no gelo!
Quando ensinava a Lara a patinar, mostrava para ela. Veja só. Todo mundo cai, ri, se levanta e daqui há pouco, cai outra vez. É normal e até os mais experientes e hábeis de vez em quando cometem algum deslize e caem também. Os jogadores que hockey passam o jogo caindo, mas muitas vezes conseguem se levantar de um salto e continuar na mesma jogada. Após algum tempo, ela percebeu o que eu queria dizer que o importante não é evitar ao máximo a queda, mas sim saber se levantar, não desistir e continuar treinando. Foi nessa hora que ela, mesmo caindo mais, passou a aprender mais rápido e a se divertir mais. E com o tempo, ganhamos habilidade e desfrutamos cada vez mais, caindo cada vez menos.
É isso que o gelo nos ensina como metáfora para a vida. A Lara passou a responder a chamada todo dia e ninguém mais ri dela. Já no meu caso, depois desse mesmo almoço, consegui fazer com que meus colegas dessem algumas boas gargalhadas, mesmo falando errado, misturando com inglês e fazendo mímicas.

domingo, 9 de maio de 2010

4 meses. E aí? Valeu a pena?

Já não vemos mais a cidade como turistas. Muita coisa não é mais novidade e sim rotina. Em uma esquina da blv. Charest tem uma pedinte de sinal com uma mensagem em um papelão. Três quarteirões mais à frente, é um cara de visual maluco que pede uns trocados. E depois desse trecho, tem um engarrafamento longo na hora do rush. Teve mais um episódio de corrupção no governo provincial. Vai chover durante esse final de semana todo e tomei uns banhos de chuva a 5 graus para colocar e tirar as compras no carro. Chuva de molhar mesmo e estava sem luvas!
E aí? Valeu a pena?
Para dar um ar de suspense, peço desculpas pela mentira. Ainda faltam 7 dias para completar quatro meses. Ia escrever com três meses, mas resolvi esperar até a situação na qual estamos agora e depois descrevo-a.
Voltando a pergunta shakespereana (ser ou não ser, eis a questão), bom, eu começei o post fazendo drama para criar um falso clima de decepção, mas eu nasci para morar aqui! Me identifico demais com tudo, tudo, até com o frio. Não quero nem falar mais da minha paixão por essa terra e essa gente para não exagerar as expectativas dos futuros imigrantes. A Lara é outra que adora tudo daqui. Precisavam ver a ansiedade dela para ficar mais tempo na escola com a nossa nova rotina. O Davi agora fica em uma garderie que tem, dentre outras crianças, um coleguinha do potencial elétrico dele, e está finalmente imerso em um ambiente francófono. Está aprendendo até árabe! Conto essa no fim do post. E a Mônica, ou melhor, Monica Martins, que se pronuncia Monicá Martan (que sobrenome chique!) e não tem mais o acento, era a que estava menos contente. Só ficava em casa cuidando desta e do Davi, o que não era lá muito interessante. Ressaltei o nome francês porque agora ela está no curso de francisação em tempo integral, ou seja, também imersa no ambiente francófono e ao mesmo tempo inserida em um grupo social. Agora sim! Já faz uma semana que estamos todos no que chamo de fase dois da imigração: Todo mundo fora de casa de dia, convivendo com québécoises, aprendendo francês, absorvendo a cultura e valores, se integrando e adaptando cada dia mais.
Realmente, ao menos em Québec, a qualidade de vida é um enorme atrativo: A porta da varanda para a rua, que fica a meio andar de altura mas facilmente escalável só fica tracada se o Davi mexer, não sei mais o que é preocupação com segurança e violência. A foto do post é de um apartamento vizinho que tem o lado voltado para a rua totalmente de vidro, de parede a parede, do chão ao teto e sem absolutamente nada entre este e a rua. E um brasileiro amigo meu mora eu outro apartamento assim. Às 05h00 da tarde já estou brincando com o Davi no carro, de volta para casa e a Mônica já está lá com a Lara, assim temos mais tempo para a família. Se não tiver chovendo, dá para brincarmos no parquinho público que tem brinquedos muito interessantes até o sol se por, que no momento, está sendo às 08h00 da noite. Final de semana de sol e temperatura acima de 20 graus está ficando comum e a cidade toda aproveita.
Respondendo a pergunta outra vez: No nosso caso, sim! Valeu a pena demais. O que nós procurávamos, achamos aqui.
Ministério da Imigração adverte: Não necessariamente vai valer a pena para o seu caso!
Anexo A:
Quanto à estória do Davi aprender árabe, foi assim. A Nacima, que é a santa que atura o Davi e o outro pimentinha, me perguntou se português era parecido com árabe. Fiquei curioso porque a pergunta é bem esquisita. Ela explicou:
-É que eu sou marroquina e o Halmstad (se o nome do outro menino não for esse, é algo parecido) é argelino. Normalmente falo com ele em francês, mas tem horas que ele não entende e então falo em árabe, já que é nossa língua materna. Muitas vezes o Davi obedece e faz o que eu peço, mesmo que o Halmstad fique parado. Por isso que achei que português talvez fosse parecido com árabe.
-Não é nada parecido. E me surpreendo também de ele te obedecer falando em árabe porque em casa nós falamos em português e ele não obedece quase nada!
Aí vocês dizem: Que legal! Está aprendendo português, francês, inglês e árabe! Muito bem! Mas vai dar um trabalhozinho para entendê-lo, já que ele começa a misturar o português com algumas palavras dos outros três idiomas!