sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

De olho no higrômetro


Sim, vocês se lembram o que é um higrômetro! Não estou nem questionando o fato de saberem o que é porque estudamos isso na escola, por isso escolhi o verbo lembrar. Vou usar uma questão de múltipla escolha para provar que vocês sabem o que é.

Higrômetro é um equipamento que nos permite medir:
a) A umidade relativa do ar;
b) A humildade das pessoas;
c) A viscosidade do óleo que lubrifica a barriga dos crocodilos de papo amarelo;
d) A popularidade dos presidentes.

Não disse?! Pois bem, agora que você lembrou, vou explicar porque devemos monitorar a umidade do ar.
Não que Fortaleza não tenha um clima que agrida a saúde, mas o daqui do Canadá agride de forma diferente. Algumas lições de cuidados com a saúde no clima daqui são aprendidas facilmente, apesar de na porrada. Por exemplo, quando desci do taxi que peguei no aeroporto, tive que levar algumas malas pesadas subindo bons lances de escada. Eu fiquei ofegante e, inocentemente, respirei pela boca no ar seco e bem frio do inverno. Isso me rendeu uns 5 minutos de tosse forte e sem conseguir falar. Podemos brincar de soprar para fazer fumaça e falar normalmente nesse ambiente externo seco e frio, mas inspirar o ar pela boca é algo que só fazemos poucas vezes até aprender que não dá.
Por outro lado, existem outros detalhes que nem sempre percebemos. Hoje falo, ou melhor, escrevo sobre a umidade relativa do ar dentro de nossos lares.
Meu aprendizado também foi na porrada, apesar de eu já estar atento. Na primeira vez que medi a umidade aqui no nosso apartamento, ela estava em somente 10% já que este estava desocupado. Depois de passar o esfregão molhado no piso todo, tomar banho e cozinhar (Sim! Eu mesmo!), esta aumentou para uns 25%. Quando acordei no dia seguinte, achava que o meu nariz estava cheio de catarro. Quando me assoei na pia, ela ficou toda vermelha de sangue arterial, aquele vermelho beeeem vivo. Mesmo passando água no chão todo, deixando a banheira e a pia com água, a umidade não passava de 30% e eu tinha esse problema com o nariz e com a garganta seca. Tem gente que também sente dor de cabeça e principalmente quem trabalha muitas horas com computadores pode ter problemas de ressecamento dos olhos. A atenção à tela faz com que pisquemos pouco. Isso, aliado à mania de coçar os olhos me rendeu uma conjuntivitezinha leve que me fez ter a única falta ao trabalho do ano.
A umidade de ambiente para ambiente. Depende do tamanho, do tipo de aquecimento, do ajuste de temperatura deste, do quanto que se usa o banheiro e a cozinha, água e exaustores, da vedação e de vários outros fatores. Quanto à faixa de humidade ideal, pelas pesquisas que fiz vi que esta varia. No nosso caso, percebemos que nos sentimos melhores quando esta fica entre 40 e 50%. Cuidado que a umidade alta também é prejudicial! Ela causa a proliferação de agentes alérgicos como ácaro, fungos, mofo, etc. Isso pode acontecer naturalmente nos apartamentos de subsolo. Estes podem precisar de um desumidificador, ao contrário de outros. Por outro lado, se a humidade estiver bem ajustada, tendemos a ter menos problemas de alergia.
Como no nosso apartamento, com o nosso perfil de utilização e no meio do inverno a umidade fica em uns 30%, temos que usar um umidificador. Nesse inverno, mesmo com o umidificador no máximo, a umidade não chegava nos 40%, enquanto que no inverno passado, tinha que regular para evitar que chegasse aos 60%. Descobri que era por causa das infiltrações de ar nas frestas das janelas. Depois de vedadas (e mesmo assim só parcialmente), ficou como era antes. Também a temperatura aumentou de um a dois graus por causa de alguns poucos metros de fita adesiva, tipo um durex largo, nessa frestas.
Existem basicamente três tipos de umidificadores. Um deles eu nem lembro mais, porém nunca o vi à  venda. O tipo que não recomendo é o de vapor fresco. Ele faz barulho por usar um ventilador, temos que trocar o filtro de tempos em tempos e refresca o ambiente, o que não é lá uma uma prioridade nacional no inverno! O tipo mais apropriado, a meu ver, é o de vapor tiède/warm/morno. Ele aquece a água, logo, não tem ventilador e assim, não faz barulho, nem tem filtro e ainda ajuda no aquecimento. Comprei esse modelo da Honeywell por 50$ no Canadian Tire, mas outros devem fazer bem o seu papel. E também uso um só para o apartamento todo, que é grande (uns 110 metros quadrados).
Sugestão: Se não quiser gastar dinheiro, peça emprestado um termômetro que seja também higrômetro para saber como está seu lar (o meu já está emprestado, mas podem se acotovelar na fila que vai se formar depois dessa postagem!). Essa foto é a do nosso termômetro higrômetro, embora tirada no verão. Ele está marcando 10h09 da manhã, 29,3°C de temperatura interna, 66% de humidade interna e 30,4°C de temperatura externa transmitida sem fios pelo outro termômetro. Caso a umidade medida esteja baixa, compre tanto o umidificador quanto o higrômetro para poder controlá-la (lembre-se que a umidade alta também é maléfica). Isso porque o Ministério da Saúde NÃO adverte, mas a umidade baixa é prejudicial à saúde.
Ahh! Não esqueçam de tomar vitamina C e feliz 2011 com muita saúde!!

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

O que é o natal?




Desde adolescente eu me incomodava com a imagem que se faz do natal. Por que colocam algodão em um pinheiro de plástico para se passar por neve em plenos 34° graus no meio da caaringa nordestina? Como é que o gordo Papai Noel passa pela chaminé para deixar os pres...epa! O que é uma chaminé?!?! Tá! Eu sei o que é uma chaminé, mas chaminé em Fortaleza?!?! Já pararam para pensar o calor que os Papais Noéis sentem por usar uma roupa de frio em um lugar onde a temperatura mais baixa que registrei foi 24 graus, chovendo e de noite? Tem alguma coisa errada nessa história, aliás, várias.
Começando pelo fim: Isso é uma imagem de um natal de países frios, onde tem pinheiros, neve, chaminés, trenós e, dentre muitas outras coisas, onde as pessoas usam gorros de Papai Noel, acreditem, com a função de deixar a cabeça aquecida!! Encontrei algumas pelas ruas daqui.
Moramos em um desses países nos quais o pinheiro enfeitado e coberto de neve é de verdade e tudo mais passa a fazer sentido. Quase tudo. No Brasil desejamos feliz natal para todo mundo, mas derrepente, se eu fizer o mesmo ao meu colega de equipe que é indiano, posso estar o ofendendo pois ele provavelmente tem outra religião. Poderiamos convidar os nossos amigos ucranianos para a nossa festa de natal, mas como eles são católicos ortodoxos, comemoram o natal no dia 7 de janeiro. E o mais intrigante é que mesmo para muitos dos católicos apostólicos romanos como nós, natal é o dia do Papai Noel! Quanto a isso, tanto faz estar no Brasil ou no Canadá. Não se houve falar do nascimento de Jesus, mas Papai Noel, Pére Noël, Santa Claus ou Saint Nicolas está em todo lugar.
Pois bem, além dessas questões, natal para mim sempre foi sinônimo de reuniões de famílias. A do meu pai, por exemplo, é bem grande e sempre reúne muita gente. São gerações sob os olhares carinhosos da matriarca, minha querida avó. No natal passado eu já havia sido contratado por telefone e estava organizando tudo às pressas para vir para cá. Meu tio, habilidoso que é com as palavras, sempre faz um belo discurso. Mas este do natal passado só repercutiu seu eco um ano depois. Não sei se de propósito ou não, mas ele enfatizou ainda mais a questão da família presente, próxima, unida, vivendo o dia a dia, um do outro. Se por um lado o natal do menino Jesus simboliza o renascimento, e as nossas vidas renasceram depois daquele natal, por outro, o natal família ficou um pouco vazio. Se por um lado estamos no cenário perfeito do dito "espírito de natal", por outro lado, faltam os atores principais.
Mas mesmo com a distância física das grandes famílias, pois continuamos nos vendo e conversando via Skype, o sentimento de família continua forte. Isso porque, como muitos nos disseram que aconteceria, a nossa célula familiar de pai, mãe e filhos está mais unida e forte. Nos divertimos mais e juntos, não só adultos e só crianças. Somado a isso, tivemos uma noite bastante alegre e agradável em companhia de amigos brasileiros que, como nós, passam seu primeiro natal aqui. Criamos laços de verdadeira amizade com muita gente por aqui. Amizade solidária, inclusive. As dificuldades de um imigrantes são tantas que ajudamos a outros que muitas vezes nem sabemos quem são. Isso sim também é natal! Ajudar ao próximo sem esperar nada em troca e até sem nem saber que ele é nos permite experimentar o autruismo realmente sincero. Esse é um bom presente de natal sem cair no chavão do consumismo.
Para mostrar que o natal não está nos símbolos visíveis, mas como um sentimento dentro de cada um de nós e que se manifesta de formas diferentes, deixo aqui uma música que me tocou muito e que lembro até hoje. Estava sozinho há quase um mês e prestes a rever a família que estava vindo para cá, quando vi esta magnífica interpretação na abertura dos jogos de inverno de Vancouver, 2010. A letra dá margem a várias interpretações. Não passo nenhuma mas mesmo assim você vai criar a sua, mesmo se não entender nada da letra.

Feliz sentimento de natal.







sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Feliz natal


Uma postagem curta para desejar que os seus projetos, sejam de continuar morando no Brasil, de vir morar no Canadá ou de continuar morando aqui, se realizem com sucesso, felicidade, paz e com as graças de Deus.

Feliz natal

Joyeux noël

Merry christmas

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Lazer de inverno




Na postagem anterior, devo ter assustado muitos pretendentes ou mesmo futuros residentes permanentes do Canadá. Acho que também assustei algums turistas potenciais, inclusive da família. Désolé/sorry/sinto muito, mas faz parte da minha responsabilidade de mostrar os dois lados da piasse(piastre)/loonie/moeda de 1 dólar.
Para compensar e mostrar que o inverno aqui não é um preço a pagar, o lado ruim do Canadá ou pagar os pecados, esta postagem mostra um pouco das oportunidades de lazer que o inverno proporciona, sobretudo para quem uma família ou pretende constituir uma aqui.
As crianças adoram a neve. É macia, pode ser modelada, não irrita os olhos com a areia e é escorregadia. Depois de transformar nosso ambicioso projeto de construir um iglu em mais modesto de construir um forte de neve, descobrimos que temos que ter ferramentas mais produtivas. Os tijotos feitos com uma caixa de papelão dão muito trabalho e esta não durou muito. Não passsamos do terceiro andar de tijolos e uma chuva derreteu tudo. O interessante é que a neve estava boa e o acabamento fica perfeito. Às vezes a neve fica parecida com açucar e não dá para fazer nem uma bola de neve, quanto mais um bonhomme de neige/boneco de neve.




Os adultos aproveitam a neve para esquiar, tanto no plano (ski de fond) quanto descendo, de esqui ou planche de neige/snow board. Pretendemos fazer mais essa aventura ainda nesse inverno. Mais prático, barato e universal mesmo é a patinação. É o esporte de inverno mais popular. Aqui temos patinoires/skate rinks/pistas de patinação gratuitos externos e internos com uma boa infraestrutura de apoio. O da Place d'Youville (mapa aqui), por exemplo, tem um sistema de refrigeração que permite seu funcionamento começar antes e terminar depois do período de temperaturas negativas. Já o Anneau Gaétan-Boucher (mapa aqui) tem uma pista em formato de zero de 400 metros de extensão por 12 metros de largura. No interior, além dos três patinoires utilizados para partidas de hockey e patinação artística, tem desde um microondas de uso público (e gratuito) até a lanchonete (essa é paga, claro!). Nos que eu conheço, sempre tem um serviço de aluguel e afiação de patins. Nesses dois que eu citei, tem também armários (basta levarmos os cadeados) e aluguel de suportes para crianças. 


Não só no verão a prefeitura promove eventos de lazer para as famílias. Este, por exemplo, conta com dois tobogãs de gelo super rápidos, além das boias e pessoal de apoio. Apenas para reforçar, grátis, ou melhor, conta já paga pelos impostos. Tinha também um grande labirinto feito de pinheiros com uma casa iluminada no seu fim, bem como alguns carros decorados.










E além de tudo, ainda temos a infraestrutura fornecida pela própria mãe natureza. É comum vermos pais puxando as crianças em trenós, aproveitando as calçadas cobertas de neve e existem lugares interessantes para que elas possam usá-los para deslisar. Aqui perto tem o Parc des Braves que é inclinado, o que proporciona uma descida bem longa. Ideal para fazê-los gastar as baterias nas subidas! Depois ficam beeeem calminhos! Infelizmente, por engano, acabanos não gravando a descida das crianças e somente a minha tentativa de fazer uma trilha. Nem funcionou, porque cada descida teve um caminho diferente e nem mesmo serviu para eu me divertir porque por causa do meu peso, o trenó desceu muito devagar. Além do mais, a neve lá estava no meio da canela. Mas dá para ter uma ideia.








Tudo isso, somado ao fato de que não temos mais a mínima preocupação com a violência faz com que tenhamos muito mais programas de lazer externos que tínhamos no Brasil, mesmo no inverno. Mesmo quem tem bebês faz tudo mesmo com eles: patinação e cooper empurrando carrinho (tem carrinhos próprios para corrida), bicicleta puxando reboque fechado, etc. e com temperaturas bem negativas.
É por isso que digo que enquanto a Europa para por causa de um inverno mais rigoroso, o canadense faz piquenique. O inverno aqui é normal e faz parte da nossa vida, quer queira ou não!

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Piquenique na tempestade de neve




Quando eu só conhecia areia e sol, eu tinha medo do inverno canadense. Um amigo meu que na época morava em New Jersey tentava me convencer que o inverno não era bicho de catorze chifres (sete cabeças). Quando eu comentei sobre o caos que estava na Inglaterra por causa de neve, ele me disse que é porque lá neva pouco e eles não têm estrutura para isso, ao contrário do Canadá. A frase dele era mais ou menos assim: Quando cai uma nevezinha na Europa, é o fim do mundo. No Canadá, se cai uma tempestade de neve o canadense vai fazer piquenique no parque. C'est sûr et certain/é seguro e certo que se trata de um exagero, mas nem tanto.
A Lara tinha um aniversário para ir. A casa da amiga dela fica fora da cidade, bem longe. Olhei pela janela e vi que São Pedro estava dormindo e o Windows do computador dele que controla o clima estava travado, mostrando aquela telinha azul linda que todo mundo adora. Vamos lá? Ninguém disse que não, então vamos!
Mas que cearenses atrevidos, viu? Caia uma baita tempestade de neve, ou como dizem os québécois, tempaaaeeeiiite de naaaeeeiiige. A neve era fina mas caia como que jogada de balde. O vento estava bem forte, o que causava um poeiral de neve ou, como se diz em francês mas somente no Québec, poudrerie. O vento jogava a neve gelada no rosto, mas rapidinho chegamos no carro. O carro está um chiqueiro! Não é só de neve. Tem lama da areia que jogam para dar mais aderência à pista. Com o vento então, os bancos ficaram cheios de neve. Acrescente mais 10 minutos de raspagem mínima do gelo grudado nos vidros (curtindo a "brisa") para poder digirir, mesmo assim vendo tudo borrado.
Para sair então, estanquei de cara. a neve acumulada segura o carro. Também se acelerar mais que o necessário, o pneu patina e o carro não sai. Para sair do estacionamento que fica no andar superior, tem uma curva em descida. Se não tiver cuidado, o carro deslisa e bate na quina do prédio.
As ruas principais estavam com menos neve por causa do eficiente serviço de déneigement/remoção de neve de Québec, mas as outras estavam com neve raspando embaixo do carro. Algumas transversais ficam com uma parede de neve na curva por causa da neve raspada pelos caminhões do déneigement. Nas saídas, dá para passar de primeira a quinta com o carro quase parado. Inclusive, quanto mais aceleramos, menos o carro anda. Nas curvas, além de não vermos por causa da falta de limpeza do vidro lateral, se não tivermos cuidado o carro derrapa e sai da pista ou bate no carro ao lado. O bizu é baixar e subir os vidros laterais para limpá-lo. Quanto a derrapagem, só praticando mesmo. E onde é que está a pista mesmo, hein? Será que eu estou na contra mão? Para completar, gruda gelo nos limpadores de parabrisa. Para evitar, o bizu é colocar ar quente na saída de ar perto do parabrisa (desembaçador). O vidro quente derrete o gelo dos limpadores e este volta a limpar mais que sujar.
Na ida, a visibilidade estava bem ruim e pegamos uma estrada. Depois fomos levar o Davi para brincar no shopping. Quando saímos de lá para pegar a Lara, aí é que estava pior mesmo porque já estava de noite...quero dizer, de dia mas estava fazendo preto, não, não! Isso é como se diz em francês (il fait noir). Estava escuro, mas de dia em plenas 16h30 da tarde. Bom, agora acho que dá para entender.
A ruazinha da casa da amiga da Lara parece que nunca viu uma pá na vida. A neve estava mais alta que a parte de baixo do carro. O desmiolado aqui, ao invés de parar na esquina e ir a pé já que era bem perto, resolveu ir de carro e ainda fazer a manobra para retornar no meio da rua. Resultado? O carro atolou, claro! Depois de uns bons vai-e-vens (será que é assim o plural dessa palavra composta?), consegui tirar o carro. Existem uns kits para desatolar carros. É tipo uma esteira para colocarmos debaixo dos pneus. Custa 20$ e acho que vale a pena, mas perde a graça! Claro que temos que andar com uma pá no porta malas. Ao menos isso eu comprei.
O começo da nossa rua é uma ladeira da cidade baixa para a cidade alta. O carro quase que não subia. A chegada em casa é que foi ainda mais legal. Abri a cancela e quem disse que o carro ia para frente? Voltei um pouco e aí, se arrastando como uma tartaruga ele foi. Só que o nosso estacionamento fica no andar de cima, com uma rampa inclinada e em curva. Quanta engenharia para o inverno! Ao menos o carro do canto depois da curva não estava lá porque ou o carro sobe mas deslisa de lado e passa por essa vaga, ou nem sobe! E foi o caso. Eu tive que tentar e voltar umas 6 vezes para cavar o caminho para que o carro pudesse subir. Tinha mais que um palmo de neve fofa acumulada. Fofa no sentido próprio! Nessa hora eu não estava muito carinhoso com ela. Vejam na foto o rastro que o carro cavou que é fundo mesmo sem ter chegado no chão.

Hoje eu aprendi algumas lições sobre carros para o clima daqui. Freios ABS são muito importantes e meu carro é um dos raros que não os tem. Tração nas quatro rodas não é luxo e nem só para quem faz off road; Carros grandes também não. Eles são mais pesados e afundam mais na neve fazendo contato com o asfalto, mesmo tendo pneus mais largos e que melhoram a aderencia; Carros sedan têm a desvantagem de não poderem ter o limpador do vidro traseiro, que é bem recomendável para essas situações. Vidros elétricos facilitam a limpeza dos vidros laterais e comemos menos neve nessa manobra. O meu também não os tem! A trava mecânica das portas congela e não abre enquanto que a elétrica não tem esse problema. Para isso, compramos um degelante no Canadian Tire. Já está no nosso planejamento trocá-lo por um SUV (sport utility vehicle)/VUS (véhicule utilitaire sport)/VUS (pau pra toda obra) no próximo ano.
Vocês são uns loucos! Sim, somos! Mas a rua estava cheia de outros loucos. O estacionamento do shopping estava cheio (confiram no vídeo). Os pilotos canadenses voam com nevasca. Enfim: todo mundo aqui é louco. Como digo sempre, não tem clima que impeça o québécois de sair de casa e ter sua vida normal, faça chuva congelante, faça sol de onda de calor. Ficar trancado em casa o inverno todo também deixa qualquer um louco. E sabe de uma coisa? Adoro fazer rally na neve. Acho que depois dessa eu tirei a minha carteira de inverno. E de quebra, ainda fico com mais uma história para contar para vocês!

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Palestra sobre adaptação cultural ao mercado de trabalho canadense


Finalmente, depois de mais de dois meses de trabalho de tradução e inserção de legendas, agora temos os valiosos vídeos do Lionel Laroche mais acessíveis aos brasileiros. Quem já tem um bom nível de inglês pode pensar que foi um trabalho em vão. Porém, quem tem um nível intermediário perdia conteúdo e principalmente quem vem para o Québec somente com francês ficava totalmente excluido.
E essa palestra é realmente muito importante. Diria até obrigatória e não só para quem vai procurar emprego, mas com certeza também para quem já está empregado. O Lionel explica as sutis e invisíveis diferenças de comportamento dos canadenses e dos imigrantes, baseado na própria experiência vivida por ele e por vários outros imigrantes que ele tem aconselhado através das agencias para as quais ele trabalha.
Além de advertir sobre as armadilhas que a nossa experiência anterior em uma cultura tão diferente nos coloca, a palestra é bem divertida, com boas piadas.
Gostaria de agradecer à ajuda voluntária e altruísta das pessoas que compraram essa nossa ideia de permitir que mais imigrantes brasileiros possam abrir os olhos através da experiência do Lionel. Foi um trabalho de transcrição, tradução e inserção de legendas que tomou muito tempo de quem já não tem tanta disponibilidade, e sem nada em troca senão a satisfação de estar ajudando aos outros nessa difícil caminhada de imigração. São eles: Carlos Luz Junior, Denise Marques Leitão e Grazi Siqueira.

Aproveitem a palestra: http://vimeo.com/album/1486530

sábado, 4 de dezembro de 2010

Voilà, c'est l'hiver!


Eu achei interessante esse texto da tarefa de escola da Lara. Ele mostra um ponto de vista sobretudo mas não exclusivamente de uma criança em relação ao inverno daqui. Não só o inverno em si, mas também o espírito do natal, do ano novo e tudo que gira em torno dessa temporada. É curioso a forma com a qual ele ressalta  as contradições do nosso inverno, seu lado ruim e seu lado bom.
Uma delas, que é a sua base, é a antagonia entre o frio extremo do lado de fora e o calor aconchegante do lar. Isso pode ser percebido na palavra foyer que em francês quer dizer ao mesmo tempo lareira e lar.

Aí está o inverno chegando,
Aí está o inverno que se desencadeia.
Aí está o vento que atormenta,
Aí está a neve que se impacienta!
Em todo canto a ventania sopra,
A neve invade tudo.
O vento e o frio fazem o nariz formigar,
Os nossos pés ficam gelados!

Procuramos nossos gorros e cachecóis,
Nossos macacões, rapidamente nos preparamos.
Queremos afiar nossos patins,
Tirar nossos esquis, finalmente escorregar!
Fazer grandes bolas,
com a neve que rolamos,
Construir um forte com coragem,
Essas brincadeiras são da nossa idade!

Em breve será período de festas,
Não é isso que nos incomoda.
Nós gostamos de rir, cantar, dançar,
nos divertir, também compartilhar!
No alvorecer deste novo ano,
É bem deslumbrante.
Todos começam na primeira hora,
Com o nosso bom humor!

Esperamos esta estação fria,
Repleta de grandes expedições.
Nós apreciamos esta temporada branca,
Pontilhada de grandes emoções,
De flocos, faíscas
que brilham nas nossas pupilas!
Aí está o inverno que se instala,
De um ar bem triunfante!


Voilà, c'est l'hiver qui s'amène,
Voilà, c'est l'hiver qui se déchaîne.
Voilà le vent qui se tourment,
Voilà la neige qui s'impatiente!
Partout le blizzard souffle,
Partout la neige s'engouffre.
Le vent et le froid picotent le nez,
On a les pieds gelés!

On cherche nos tuques et nos foulards,
Nos salopettes, vite on se prépare.
On veut aiguiser nos patins,
Sortir nos skis, glisser enfin!
Former de grosses boules,
Avec la neige qu'on roule,
Bâtir un fort avec courage,
Ces jeux sont de notre âge!

Bientôt ce sera le temps des fêtes,
Ce n'est pas ça qui nous embête.
On aime rire, chanter, danser,
S'amuser, aussi partager!
À l'aube de ce Nouvel An,
C'est bien éblouissant.
Tous debout à la première heure,
Avec notre bonne humeur!

On espére cette froide saison,
Remplie de grandes expéditions.
On chérit cette blanche saison,
Parsemée de grandes émotions,
De flocons, d'étincelles
Qui brillent dans nos prunelles!
Voilà, c'est l'hiver qui s'installe,
D'un air très triomphal!

Suzanne Blain