segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Abrigo do carro


Segunda-feira preguiçosa e gelada. Você sai atrasado para o trabalho e ao invés de ver o seu carro, você encontra um sorvete. O seu carro deve estar lá embaixo, mas vais ter que tirar a neve para poder dirigir. Pior é que você descobre que tem gelo grudado no para-brisa e é daqueles que não dá para raspar. Esse episódio de Têtes à Claques faz uma sátira do inverno mostrando uma cena dessas. Daí, você tem que pacientemente esperar o desembaçador derreter o gelo para poder sair.

Mas os seus problemas se acabaram com o abrigo de inverno Tabajaras! Conheci esse mais que útil amigo dos atrasados-por-causa-das-crianças-sonolentas quando compramos a nossa casa. O antigo dono nos deixou de presente e ainda me chamou um dia para me ensinar como montar e desmontar. Um anjo de pessoa esse cara. Quando fui montar no outono, tive dificuldades. Imagine se não tivesse visto montado e com explicações!

Além do carro ficar sem neve nem gelo, também reduz a área de acúmulo de neve para limpar. Quando mais perto da rua, maior a economia, embora exista um limite mínimo definido por lei, talvez por causa da visibilidade. O meu vizinho colocou o dele quase na rua e talvez o trator que raspa a neve da rua cause algum dano. Outra questão legal é que existe uma parte do ano que compreende o inverno na qual é permitido ter esse abrigo montado, mas não pode ficar durante o ano todo. Acho que por questões estéticas, mas realmente não sei.

Depois de uns dois invernos, ficamos maceteados e monto o nosso abrigo sozinho. Mas recomendo fortemente comprar uma furadeira/parafusadeira com adaptador para porca borboleta sob pena de acabar os dedos nas várias dezenas de parafusos. É de suma importância deixar o abrigo bem preso e firme sob o risco de tê-lo sobrevoando os EUA em caso de ventos de 80Km/h. Para isso, existem blocos de cimento de tipos diferentes em lojas tipo Rona e ancoragem para prender ao solo no Canadian Tire como essa daqui, usadas com cintas de catraca como essas daqui.

Como hobby de fotografia, fiz um timelapse para mostrar em poucos segundos a montagem do abrigo que leva algumas horas. Tenham uma boa preparação para o inverno!


segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Sistema métrico ou imperial? Pra complicar, ambos!


Lá vinha eu todo animado para regular a bicicleta recém comprada (faz muito tempo, viu?) quando perecbi que uma chave Allen (sextavada) ficava pequena e a seguinte ficava grande. Como pode? Não existe outra intermediária! Hum... Depois de muita reflexão (já quase virando um espelho) é que percebi que o jogo de chaves que havia comprado tinha as dimensões em milímetros. Voltei ao Canadian Tire e troquei pelo outro que tinha as mesmas em frações de polegadas. Deu certo! Algum tempo depois, lá vai eu novamente todo animado ajustar a guitarra recém comprada e aconteceu o mesmo problema novamente. Uai?!?! A guitarra usa parafusos em milímetros? Então tenho que ter OS DOIS jogos de ferramentas? Que bagunça!

As unidades de medida aqui são assim mesmo: un bordel/uma casa de mãe Joana (obs.1 Não tem conotação sexual em francês. 2. Nada contra as Joanas. É só a expressão que achei mais equivalente). O lance é que antigamente, usava-se exclusivamente o sistema imperial herdado da Inglaterra. Em 1968, os Estados Unidos apontaram sua intenção de mudar para o sistema métrico, ou SI (Sistema Internacional). Como 80% do comércio canadense era feito com o seu vizinho sulista, esse iniciou a mudança para o sistema métrico, com meta de fazê-lo até o final da década de 70. Porém, em 1975, ficou claro que os Estados Unidos não iria mais mudar e também a pressão da população fez com que o governo canadense abordasse o processo. Desde então, temos os dois sistemas misturados.

Por causa da mistura, vou abordar por situação, já que para uma mesma grandeza por vezes se usa um sistema, por vezes o outro, contando também que às vezes se usa os dois segundo vários fatores.

-Distância em geral Km;
-Velocidade em Km/h;
-Volume de combustível em litros (l);
-Temperatura ambiental em graus celsius (°C);
-Volume em pequenas quantidades em onças (líquidas)/once/ounce (oz). Geralmente não precisamos converter essa medida porque normalmente é algo que podemos ver como latas e garrafas de bebida. Já ouvi medida de copo de cerveja em pinta/pinte/pint, mas fora isso, não me lembro de ter visto;
-Peso leve como de uma poção de carne, em onças também. Eu apenas guardei que 8 onças de carne é suficiente para mim, já que dá aproximadamente 227 gramas. Para coisas mais pesadas como corte de carne ou peso de pessoas, usam mais a libra/livre/pound. Uma libra equivale a 0,453592 Kg, mas para fazer a conta de cabeça abstraindo o erro, contamos como duas libras sendo aproximadamente um Kg;
-Medidas em polegadas/pouce/inch, pés/pieds/feet, ou combinando pés e polegadas. É nessa hora que desenterramos nosso conhecimento de frações. Por exemplo, minha altura de 1,67m poderia ser convertida assim: 1,67m = 65,748 polegadas. 1 pé = 12 polegadas, logo, 5 pés = 60 polegadas. Podemos então transformar em 5 pés e 5,748 polegadas. Mas como ainda está simples, vamos converter a parte decimal em fração, com um pequeno arredondamento. Assim, minha altura fica como 5 pés, 5 polegadas e 3/4. Prático, né? Uma polegada tem 2,54cm, mas para simplificar, contamos como sendo 2,5. Também um pé mede 30,48cm, mas arredondo para 30cm para facilitar. É o tipo de medida que acabamos preferindo usar porque é muito mais fácil decorar que o fogão e alguns móveis de cozinha têm largura de 30 polegadas (ou mesmo dois pés e meio) que 72,6 cm. Afinal, foi feito em polegadas;

-Quando cruzamos a fronteira dos Estados Unidos, dei de cara logo com uma placa de velocidade máxima de 65 mph (milhas por hora). Pisei imediatamente no freio e comecei a comprimir os olhos para tentar ler a escala alternativa pequenininha no velocímetro. Equivale aproximadamente aos mesmos 100Km/h de velocidade máxima das estradas canadenses. Mas o que uso como ponto de partida para as conversões de milhas para Km é que uma milha vale quase 1,6 Km.

Agora, quer ver uma medida que quebra as pernas? Temperatura em graus Fahrenheit. No forno é fácil porque normalmente estes têm as duas escalas. Mas sair de um hotel nos Estados Unidos dizendo que está fazendo 90°F não serve de muita coisa na hora de escolher a roupa para sair. O chato é que a escala tem um fator multiplicativo e um deslocamento (subtração). A conversão para graus Celsius é feita subtraindo 32 e dividindo por 1,8. Haja cérebro!

Na prática, o que acontece é que depois de um loooongo tempo, começamos nos acostumar e ter melhor ideia com as novas medidas (que na verdade, são muito é velhas) e passa a ser natural. O chato é que enquanto isso não chega, passamos por algumas situações.

-Eu queria um cabo de guitarra.
-10 pés ou maior?
-Quanto é 10 pés em metros?
-Uhhh... não sei!
-Uhhh... e eu não sei se é suficiente ou não em pés!

silêncio constrangedor!!

-Bom... (schrac, schrac, rasgando a embalagem do cabo) é esse comprimento aqui ó!
-Beleza! Vou levar.

domingo, 14 de outubro de 2012

Quebec speaks french


E vamos nós a mais um assunto polêmico, mas inevitável para quem vive no Québec: a defesa do francês.

Como vocês sabem, o Québec tem como idioma oficial o francês. Existem estudos que dizem que o francês no Québec está em declínio e até mesmo ameaçado de extinção daqui a algum tempo. Há algumas décadas atrás, os québécois que não falavam inglês ficavam excluidos de alguns serviços que não eram disponibilizados em francês.

Não precisamos nem regredir no tempo. Nos dias de hoje mesmo, ouço queixas de alguns imigrantes que disseram que quando fizeram o landing em Toronto, não tinha ninguém que falasse nem um mínimo de francês no setor de imigração. Eu cheguei aqui falando inglês bem melhor que francês, mas fiquei incomodado, por exemplo, com o atendimento da Fedex. Ele me dava a opção de serviço em francês digitando 2. Eu fazia isso e continuava tudo em inglês. Eu desligava e tentava novamente só para confirmar e sempre continuava em inglês. Até aí, nada demais para quem tem paciência suficiente para criar dois filhos. Mas quando a mulher ia confirmar meu endereço, tentava mas não conseguia pronunciar o nome da rua nem em inglês. Daí...
(soletrando rápido em inglês) bi, i, el, vi, i, di, i, ar, i -> b, e, l, v, e, d, e, r, e -> Belvédère ahhhh!!! Sim é essa avenida mesmo!
Certo, começa a ficar chato. Mas então, ela teve que dizer o endereço da Fedex em Québec para eu ir pegar a encomenda e lá vai soletrar o outro endereço! Pode ter sido azar, mas não foi o único caso que não tive a opção do francês.

E nessas situações, eu penso na pessoa que mora no lugar onde nasceu e que não sabe o que aconteceu com a sua encomenda porque a empresa que tem atuação aqui não falava o idioma oficial do local. Essa pessoa deveria falar inglês, visto que é o idioma falado pela grande maioria dos 33 milhões de canadenses, pelos 314 milhões de estadunidenses vizinhos e pelo resto do mundo que o considera como o idioma mais universal? No meu ponto de vista, sim. Mas não recrimino quem pensa que não deve ser obrigado a aprender outro idioma estando "em casa".

Por uma questão de respeito a cerca de um quarto da população canadense, a esfera federal é totalmente bilíngue (ou deveria ser). E em defesa do cidadão québécois,  o governo do Québec instituiu a lei 101 ou Charte de la langue française pelo primeiro governo do PQ em 1977. Existe até o Office québécois de la langue française (OQLF) para fiscalizar o cumprimento dessa lei, dentre outras atribuições.


Vendo por esse lado, tudo bem. Mas, porém, todavia, contudo, entretanto, no entanto, tem horas que isso vira exagero.

-Ei! Por que trocaram o meu teclado?
-Trocaram TODOS os teclados da empresa!
-Por que?
-L'Orifice de la langue française!! (trocadilho de ofício com orifício)
-Não entendi! O que tem a ver um com o outro?
-Teclado em francês!
-Mas eu já usava o layout Canada français no antigo teclado.
-Não é o layout. É o teclado mesmo! As teclas enter, esc, del, alt, ...
-Estás brincando, né? Trocar todos os mais de 300 teclados por causa de umas abreviaçõezinhas que ninguém nem lê?!?!?!
-Não é brincadeira. É para ficar conforme.
Quack!!!!!!

Depois veio o comunicado de que a empresa estava seguindo os procedimentos para tirar o certificado e assim ter direito a participar de concorrências do governo e para ter reduções fiscais. Por isso, tinhamos que colocar em francês primeiro a assinatura dos emails, a mensagem de voz do telefone, todos os avisos, etc. porque haveria uma fiscalização. O fiscal conversaria com algumas pessoas e poderia até mesmo pedir para mostrar emails para ver se o funcionário estava escrevendo em francês.

Eu achei um pouco passando dos limites, visto que trabalhamos em uma empresa mundial e só a minha equipe, como exemplo, se relaciona com muita gente dos EUA, Hungria, Ucrânia e Polônia. Outra coisa ridícula é a notícia que OQLF está querendo forçar empresas como Best Buy, Costco, the Gap, Old Navy, Guess e Walmart a usarem também um nome francês. Pôxa! São nomes próprios! Se continuarem assim, vão querer que o nome inglês de mulher Stephanie vire nome francês de homem Stéphane!!!

Fazendo a ponte com a postagem do separatismo e a da volta ao poder do PQ, agora a ministra da educação da titia Pauline Barroada está falando em reduzir o ensino de inglês e aumentar o de história. A ministra diz em sua defesa que é em nome da prudência na adoção do inglês intensivo na sexta série e que deve começar o inglês normal na segunda série ao invés de na primeira para não atrapalhar o francês. Também, ensinar história do Québec é importante. A meu ver e conhecendo as ideias do PQ, vou com a oposição que acha que ela quer na verdade é reduzir o ensino de inglês em defesa do francês (que não são necessariamente opostos) e introduzir conteúdo ideológico de separatismo no ensino. Teoricamente, os profissionais de educação que deveriam ditar o conteúdo didático, mas a ministra fala sim no conteúdo que ela acha relevante. Eu me estressei com essa do PQ(ou PQP?), mas um amigo já me acalmou dizendo que para mudar isso, tem que mudar a lei e a oposição não vai deixar.

Como disse, não tenho nenhum medo de que o Québec se separe. Mas me incomoda o radicalismo e a desordem que vão causar na tentativa. Um dos motivos de termos vindo para o Québec é porque gostamos de francês. Mas não nos tirem o direito de aprender e falar inglês impondo o francês!

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Outono de 2012


É o nosso terceiro outono e ainda fico embasbacado com o show de cores quentes da natureza. É para mim a estação mais bonita. Agora que a fotografia se tornou mais um hobby oficial, estou na luta para encontrar cenários bonitos e o mais complicado: oportunidade de tirar fotos com minha rotina corrida e quando o sol coopera.

Pretendo tirar mais fotos mas não queria deixar para postar somente no final da estação. Quando tiver mais, farei uma postagem complementar.

Bom outono!