domingo, 23 de janeiro de 2011

365 dias, 52 semanas, 12 meses, 4 estações, 1 ano


É, caros leitores, um ano de Canadá! Passa rápido, né? Como presente de aniversário, ganhamos acesso a alguns serviços mais exigentes que têm como requisito ter um ano de histórico de crédito como o Communauto. Não é lá grande coisa. Com dois anos, ganharemos o direito de renovar o visto de residente permanente por mais 5 anos. Com três anos, estaremos habilitados para pedir a cidadania canadense. Ahh! Ai sim é interessante! Com quatro anos ou menos, o processo de cidadania chegará ao fim e ganharemos o passaporte canadense, com plenos direitos como um canadense nato.
O que acontece depois de um ano vivendo no Canadá? Sem dúvida nenhuma, não somos mais os mesmos. O único ano no qual eu tive mais descobertas e aprendizados que o que passou foi o meu primeiro ano de vida. Sim, claro que eu me lembro! Lembro até da cara do médico que me tirou da barriga da minha mãe! Ô mentira! Como é que tu viu se eles usam máscaras?! Deixem para lá.
Como está a adaptação? Terminada e ao mesmo tempo longe de chegar ao fim. Os detalhes do dia a dia já estão no piloto automático como, por exemplo: Como quebrar o pescoço para checar o ângulo cego ao mudar de faixa ou dobrar uma esquina de carro; ver a previsão do clima antes de sair de casa; como calçar botas, amarrar cadarços com dois nós, colocar cachecol, casaco, gorro, luvas em menos de um minuto; como escorregar os dois pés ao mesmo tempo no gelo e não cair; colocar o bac bleu/caixa azul de lixo reciclável domingo a noite na calçada (com aquela brrrrrizzzzzzinha legal!), e por aí vai. Agora, quando olho para trás é para ver se eu e a Lara não estamos bloqueando a calçada e atrapalhando quem quer passar. Um dia, me vi checando se a porta do carro estava travada antes de sair dirigindo. O que me espantei é que ela estava travada e eu a destravei! Parei um pouco para analizar o que tinha acontecido e cheguei a conclusão que faz sentido! Se acontecer uma emergência, a porta destravada vai ajudar.
Depois de um ano, melhor ou pior, acredito que todos nós cheguemos ao nível de termos uma comunicação que nos permite interagir com os nativos. Talvez não seja suficiente para quem precisa de uma comunicação impecável como alguns profissionais, mas dá para desenrolar os problemas mais corriqueiros até por telefone. Por outro lado, achava que depois de um ano eu estaria falando muito bem, a ponto de não cometer erros e de ter um sotaque quase imperceptível. Tolinho! Como é que se diz em francês ou em inglês: unha encravada, desentupidor de pia, dentre vários outros quebra cabeças linguísticos que nos ocorre a todo momento? Eu sabo! Vocês poder compreender me todos que eu falo, mas eu não sempre mas ainda fazer erros, você sabe? Se eu fazer erro, você me dizer, ok? Claro que nem todo mundo com um ano de imigração em um ambiente de outro idioma fala mal assim. A tendência é falar melhor ou bem melhor que isso, mas não é regra. Também depende o grau de exigência e eu inconscientemente quero falar tão perfeitamente quanto falo em português, o que é bem mais complicado. Também, preciso fazer apresentações em inglês e francês, então, tem que caprichar mesmo. Varia muito, mas em geral, dá para entender e ser entendido.
Eu enfatizo muito o idioma porque ele tem um papel muito importante na integração. Já fomos a algumas festinhas de aniversário de colegas de escola do Davi e da Lara, assim como uma amiga da Lara já veio passar a tarde aqui em casa. Temos amigos canadenses e de outras partes do mundo, mas na hora de ir para a casa de alguém ou de convidar para alguma atividade, sempre é mais fácil com outros brasileiros por causa da comunicação.
Não dá para dizer como é que fica o padrão de vida de um imigrante depois de um ano porque cada um tem uma história muito diferente do outro. Já vi gente comprar casa com seis meses aqui, como também gente que nem consegui emprego depois de um ano. Assim, vou passar a falar de minha percepção extremamente pessoal da vida aqui.
Não existe uma só forma de dizer quando o inverno começa e quando termina pois a neve, que é um dos parâmetros, não respeita os três meses de calendário. Mas uma coisa é certa: ele é bem longo e é uma das queixas que ouço. Quanto ao frio, é muito frio mesmo. Em geral, a temperatura fica entre -10°C e -20°C, mas às vezes o mercúrio dá um mergulho que pode ir bem além dos -20°C, embora seja por poucos dias. Por um acaso, a previsão para amanhã é de -28°C com sensação de -40°C. Isso não nos impede de passarmos uma hora e meia em ambiente aberto para curtir a festa de Lévis, a cidade do outro lado do rio, em plenos -15°C. Porém, tem gente que acha o frio insuportável e a reclamação começa já no outono.
As metades da primavera e do outono  que não são invadidas pelo inverno são belíssimas e agradáveis. O verão deixa tudo muito alegre e movimentado. Parece outro país. O que não gostei é que tem uns períodos nos quais faz um calor terrível e por vezes pior que Fortaleza.
Me identifico muito com a sociedade daqui. É muito pautada no respeito, na gentileza, na cortesia. Esperávamos pessoas frias e trancadas mas ao menos aqui em Québec, temos visto muita gente simpática e aberta. Nunca sofri nem um mínimo traço de preconceito ou discriminação por ser imigrante. Claro que existe aqui, como no mundo todo, mas ao menos dificilmente é explícito porque isso é levado muito a sério aqui. E é muito boa a sensação de confiança e honestidade que se manifesta nos postos de gasolina onde entramos para pagar e não tem ninguém fora ou em alguns caixas de alguns supermercado onde nós mesmos registramos os produtos e pagamos.
Um amigo meu, pouco antes da nossa partida, me desejou o seguinte: Que você encontre lá o que estás procurando. Depois desse ciclo, posso afirmar sim que encontrei aqui o que estava procurando: Qualidade de vida, bem estar, segurança, respeito ao próximo, bem como zilhões de pequenos detalhes difíceis de explicar a quem não mora aqui que me fazem sentir que nasci no pais errado mas agora estou no lugar certo.

9 comentários:

  1. Parabéns Alexei! Estamos completando seis meses, sabemos que ainda temos um caminho longo pela frente, mas também estamos muito satisfeitos com nossa trajetória até aqui.
    Abraços para vocês!

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  2. Adorei seu post. Gosto muito destes relatos de um ano, dois anos de Canadá,... Pois, registram uma etapa importante do início de uma nova etapa de vida.
    Valeu e tudo de bom p/ vcs.

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  3. Parabéns pelo post! Aliás, seu blog como um todo é muito interessante, incluindo a forma como é escrito!
    Abs.
    Zuzu.

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  4. Parabéns Alexei! Gosto muito dos seus post. Espero daqui alguns anos ver o post dos 2, 3, 5, 10 anos de Canadá.
    abraços,
    Pat

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  5. Meus parabéns meu amigo Alexei por todas as conquistas nesse primeiro ano. E que venha o segundo com muitas outras.

    E a vida segue...

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  6. Parabéns Alexei!! Não só pelo ano de vitórias que teve aí, mas pela contribuição que dá a todos que acompanham seu blog e tem o sonho de imigrar!!

    E você e sua familia merecem tudo de bom e de melhor, pois compartilham verdades e pontos de vista, ajudando muitas pessaos a tomar a decisão correta sobre o Canadá.

    Abraço

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  7. Parabéns companheiro... e pensar que há pouco tempo estávamos todos sonhando em Fortaleza!

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  8. Oi Alexei, me emocionei com teu depoimento de 1 ano de Canadá. Parabéns pela conquista!

    Grande abraço pra toda a familia!!

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  9. Obrigado pela atenção e pela força que nos deram durante essa caminhada.

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