quarta-feira, 27 de julho de 2011

Nossos vizinhos não existem!


Nooooosa Senhora! Nunca vi vizinhos tão simpáticos, prestativos e calorosos quanto os nossos. E não estou falando dos que moram apenas em uma casa.

Tudo começou antes mesmo do começo. Antes da mudança do apartamento para a casa, eu trazia as coisas menos importantes e menores mas que enchiam completamente o carro. Na segunda-feira à noite, lembrando que as coletas de lixo passam na terça-feira, coloquei o latão de lixo (grande, de plástico e com rodinhas) comum e o de lixo reciclável (aqui todo mundo faz coleta seletiva) na rua.

Quando cheguei com mais caixas na terça-feira à noite, cadê os latões? Quack! O lixeiro nem pega neles! É um braço mecânico que vira os latões para dentro do caminhão. Eu sou louco mas tenho certeza que os coloquei na rua pois lembrava que eram mais pesados do que o que imaginava. Quando estacionei o carro na "garagem" (é só o chão), percebi que eles estavam novamente no quintal. Algum dos vizinhos, sem ainda nem nos conhecer, fez a gentileza de levá-los da rua para o quintal. Até hoje não sei quem foi.

Aqui as casas não têm muros. O vizinho do lado esquerdo tem uma cerca no quintal para as crianças não sairem e o do lado direito tem uma cerca viva que não impede de vermos quem está no quintal por causa do desnível do terreno. Já para o vizinho de trás, não tem nada a não ser o desnível pelo fato do terreno dele ser cerca de um metro mais alto que o nosso. Dessa forma, quando estamos nos quintais, podemos ver e ouvir uns aos outros. Assim, logo nos primeiros dias os próprios vizinhos puxaram conversa, se apresentaram e deram as boas vindas.

Um belo dia, escutei os gritos do Davi um pouco mais longe. Quando fui ver, ele estava dentro da cerca do vizinho da esquerda, brincando com os filhos deste. Valei-me meu Santo Aleixo! O menino já invadiu a casa do vizinho sem pedir! Quando cheguei lá, descobri que os filhos do vizinho é que tinham pedido à mãe deles para brincarem com o Davi lá. Logo depois, a mãe deles me perguntou se poderia levar o Davi para tomar banho de jet d'eau/jato de água com os filhos dela no parque. Na outra semana, eram os filhos deles que estavam lá em casa.

Outra vez, a Mônica me ligou avisando que iria sair e a Lara não queria ir com ela. E aí? Como é que faz? A Lara fica na casa da Denise! Hein? Tranquilo! Já está tudo acertado! Quando cheguei, a Lara estava desenhando e conversando com os vizinhos de trás, um casal de aposentados maravilhosos. Como a sua filha é comportada! E de quebra nos mostraram o interior da sua casa, que é enorme. E isso tudo em menos de 20 dias!

O Ivan, marido da Denise, este é tão solícito que até me encabula. Me ensinou a cortar a grama e emprestou a máquina de cortar grama portátil para fazer o acabamento antes de eu comprar a minha.

Em um final de semana que estávamos com visitas, ele me chamou. -Eu estou vendo que estás com visitas. Eu tenho quatro cadeiras no cabanon/remise/depósito (externo) que não uso. Vamos pegar para as suas visitas? Outro dia: -Sua esposa contou que ainda não compraram a mesa e as cadeiras do patio/"varanda" do quintal porque não cabem no carro. Quando quiseres, me avise que vou com você para trazermos no meu reboque. Não só foi comigo, como ainda se ofereceu prontamente para ir ao outro Canadian Tire lá do outro lado da cidade quando disse que não tinha mais no que fica mais perto de onde moramos.

E ele não me deixa arrodear o quarteirão! -Você vem cansado do trabalho. Não precisa fazer toda essa volta. Passe pelo terreno e vá direto ao quintal da sua casa que é mais rápido. Muitas vezes, quando estou em frente à casa dele, ficamos uma meia hora conversando. Nessas conversas, ele me apresenta outros vizinhos das casas próximas, que são bem humorados.

Quando fui devolver as cadeiras dele, ele saiu com essa: -Não! Você pode precisar delas quando chamar seus amigos! Eu tenho muitas no meu patio e na garagem. Não tenho como usar e só estávam guardadas. Se você quiser e não se incomodar com elas, se tiver espaço no seu cabanon, fique usando-as! E aí se segue a frase que escutamos demais por aqui que explica e resume o porquê de tanta gentileza: Ça me fait plaisir!/É um prazer para mim!

13 comentários:

  1. Uau!!! Isso é fantástico! Receber gentilezas nos deixa com mais vontade de ser gentis e uma coisa leva à outra! Espero que meus futuros vizinhos sejam iguais aos seus, embora eu vá morar em apartamento.

    Abraços para vocês e parabéns pelos vizinhos!

    Gardene
    http://gardeneaguiar.blogspot.com

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  2. ALexei, acredito que aqui no Brasil, uma parte das pessoas esquece - ou simplesmente ignora - o que torna uma sociedade mais humana e justa, que é a gentileza.

    Isso contagia e faz tudo ficar mais fácil.

    Por isso também decidi imigrar para um lugar aonde eu tenha esperança de que a educação não é deixada de lado por causa da pressa do dia dia ou da preguiça de se fazer o que é certo!

    Seu blog tá no meu favoritos, rsrsrs... (Quem localizou ele foi minha esposa)

    Ah, no meu caso ainda estou no Brasil, mas já estou me dedicando à ações para imigrar para o Québec, (Ville de Québec).

    Quando der dê uma passada no blog que estamos montando. Um forte abraço e sucesso!

    Julio Cesar
    http://www.viverquebec.wordpress.com/

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  3. Poxa...tanta diferença que a gente até estranha né..
    É muito bom viver num lugar assim e com vizinhos assim :)
    Td de bom pra vcs!
    Abraços
    Monique Caetano
    vamsprocanada.blogspot.com

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  4. Gardenne, moro em apê e reitero o que o Alexei disse: são muito gentis, ao menos aqui em Ville de Québec... :-)

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  5. Legal demais!
    Gentileza gera gentileza!
    Parabéns à essa sociedade tão evoluida!
    Abs,
    Verônica

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  6. Vizinhos que valem ouro, prata e bronze esses seus.

    E a vida segue...

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  7. Isso parece um sonho! Casa própria, família feliz e vizinhos inacreditáveis!!!
    Que Deus continue lhes abençoando, pq, com certeza, vcs estão colhendo o que plantaram, o que deve ter sido uma boa lavoura:)
    Abraços!!!!

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  8. Experiências como esta nos faz acreditar que ainda podemos ser melhor para o outro.
    Sinta-se honrado.

    Cleberson e Sabrina

    www.juntosnoquebec.blogspot.com

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  9. GENTILEZA!!! Essa é uma coisa que faz falta aqui no Brasil e em especial em Fortaleza, onde eu vivo. Adorei seus vizinhos. Boa Sorte na nova casa.

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  10. É bem bacana.. mas não corre o risco de.. sei lá.. parecer intromissão? Como estabelecer limites?

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  11. Que bacana, Alexei! Isso é confortante para nós que ficamos aqui e queremos o bem de vcs.
    Qual o seu endereço?
    Bjo

    Iúna

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  12. Júlio Cesar: Já adicioneu o teu blog ao meu reader;
    Kantynho: Ambos os lados perceber pela expressão quando podemos estar passando dos limites. A minha vizinha, por exemplo, pergunta se os filhos dela não estão fazendo traquinagem aqui em casa. Eu digo: Não! Não mais que os meus! Que é um sinal positivo.
    Iuna: Vais passear de Google Street View? 8650 rue Charles Dickens Québec QC
    Todos: Ministério da Saúde adverte: Não necessariamente seus vizinhos serão tão bons quanto os meus!

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  13. kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk Acertou, Alexei.
    Bjo para vcs.

    Iúna

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