A saga de uma família de retirantes cearenses, comedores de rapadura,
rumo à terra onde a Cana dá.
Fortaleza -> Ceará -> Brasil -> Canadá -> Quebéc -> Québec
domingo, 6 de novembro de 2011
Bateram no nosso carro!
-Alexei, bateram no nosso carro e a bateria está acabando!
-Quack!!!
Batida já é por si só algo estressante. E em um país onde tudo é diferente, para resolver o problema em um idioma novo é ainda mais estressante. Graças a Deus, ninguém se machucou, o que já é um grande alívio.
Na verdade, essa é a quarta vez que batem em um carro nosso nesses um ano e dez meses que estamos aqui. Os québécois são muito habilidosos para dirigirem em alta velocidade, até mesmo em tempestades de neve. Mas parece que são desatentos quando o asfalto está seco, que foi a situação das quatro ocorrências.
A primeira batida causou apenas um arranhão na pintura do parachoque traseiro. A segunda não mudou muita coisa no que já estava arranhado. A terceira foi em um estacionamento e não vimos. Ela causou um vinco na porta e nenhum desses casos foi suficiente para merecer manutenção.
Mas essa última vez foi mais forte. O cara desatento bateu com força suficiente para estragar a parte de plástico do parachoque traseiro do nosso carro e acabar a frente do carro dele, que não andava mais. Esse é o principal motivo de termos comprado um carro grande, um SUV: a segurança. Não só a segurança passiva da maior resistência a impactos com seis air bags, mas também a ativa para andar na neve com melhor tração, controle e frenagem. Fazia pouco tempo que tinhamos comprado e eu adoro carros, mas aprendi a ter desapego com meu pai. Enquanto eu dirigia, bateram em um carro dele que eu gostava muito. Quando meu pai me viu irritado com o cara que bateu e triste com o estrago, ele disse: ninguém se machucou e isso é o que importa. O carro é lata que se conserta na oficina e depois de algum tempo acabamos trocando por outro de qualquer forma.
Mas então, o que fazer? Não sabia ao certo como proceder mas disse para a Mônica ligar para a seguradora que eles a orientariam. Perguntam inicialmente se alguém se machucou. Se sim, tem que acionar a polícia. Caso contrário, basta pegar certos dados do condutor. O Desjardins dá um formulário com duas partes para ficar dentro do carro para essas ocasiões. Uma parte está parcialmente preenchida com nossas informações para passarmos para a outra pessoa envolvida no acidente. A outra parte é para ser preenchida com as informações requeridas dessa pessoa.
O motorista do outro carro foi super educado e humildemente assumiu logo a culpa, pedindo desculpas pelo susto e transtorno. Mesmo não sendo obrigatório, ele acionou a polícia que fez um relatório e passou o número desse para ambas as partes. E foi só isso! Quando liguei para a Mônica para dizer que o prestativíssimo amigo Tiago estava vindo para irmos ao encontro dela, já não estava nem mais lá no local do acidente.
Em casa, conforme a orientação da seguradora, ligamos para fazer o acionamento e dar mais detalhes. Foi basicamente relatar o que aconteceu e repassar os dados do outro condutor. Feito isso, a atendente explicou como seria o processo e já deu a indicação de uma oficina que fica perto de casa.
Fui à oficina em um sábado para tirarem as fotos e para fazerem um orçamento para ser avaliado pela seguradora. Apesar de ter danificado exclusivamente a parte plástica do parachoque que nem é pintado, custou a bagatela de 1800$. Ouch! Na sexta-feira, me ligaram da oficina dizendo que tinha sido aprovado e que poderia deixar o carro. Deixei-o na segunda-feira e me emprestaram um Toyota Yaris com câmbio automático e retrovisores, travas e vidros elétricos. É a seguradora que paga o uso desse carro, mas eu tive que devolvê-lo com o tanque cheio. Na quarta-feira o carro já estava pronto, novinho de novo e sem nenhuma marca de acidente.
A seguradora disse que caso eu quisesse consertar o carro antes de eles receberem o relatório da polícia, que levou duas semanas, eu teria que pagar a franquia à oficina e ser ressarcido caso realmente não fosse nossa culpa. Não me cobraram, mas também não foi nossa culpa mesmo. Por isso, não ficamos com nada no nosso histórico, que causaria uma alta no custo dos próximos seguros. O interessante é que a culpa não é contabilizada como sim ou não, mas como um percentual. Suponho que existam situações onde cada parte fica com 50% da culpa. Também imagino como seria a apuração da culpa sem o acionamento da polícia, visto que cada seguradora paga o prejuízo do seu cliente, cobram a franquia de quem tiver culpa e se resolvem entre si para ressarcir a outra. Acho que fariam um batimento dos relatos de ambas as partes para chegarem a uma conclusão.
Um colega meu disse que por causa da questão de histórico de culpa, que se não me engano é reportado a um cadastro compartilhado entre as seguradoras, em casos menores, as partes podem negociar para não acionar as seguradoras. O fato é que nem mesmo os próprios nativos sabem dizer como é que isso funciona ao certo, mas estou muito satisfeito com o atendimento e a clareza da nossa seguradora. Agora já posso é explicar para os nativos ao invés de perguntar!
De qualquer forma, melhor mesmo é prevenir e dirigir com prudência, atenção e cuidado, principalmente no inverno. E por falar em prevenção, é bom deixar o telefone da seguradora, bem como o seu número de apólice no porta-luvas do carro!
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Que pena que mesmo que nao tenhamos culpa no acidente aqui o seguro aumenta de preço devido a isso.
ResponderExcluirAbçs
Hyrwing