segunda-feira, 26 de março de 2012

Ski e snowboard

Sim, senhores e senhoras. Somente no finalzinho do terceiro inverno é que fomos experimentar os esportes de neve. Em parte, foi devido a ainda estarmos patinando muito, que é mais prático e barato. Também outro motivo foi a falta de amigos para fazermos juntos. E finalmente, tenho que reconhecer que também porque é um esporte caro.

Para experimentar e saber se vale a pena investir, recomendo ter uma aula inicial com um instrutor ou com um amigo com alguma experiência. Isso pode poupar algumas quedas e frustrações. Mas não se preocupe! Mesmo assim você vai cair!

Começando pelo ski. Compramos um pacote de uma hora e meia de aula com um instrutor para nós quatro e material incluso, fora o capacete e óculos, para o dia todo. Incluindo os capacetes e óculos, o custo ficou em quase 200$. O instrutor era bom, mas o proveito foi diferente. O Davi desistiu cedo. A Mônica bem que tentou, mas o exercício de subir a pente école/ladeira (ou pista) escola andando de ski foi treinamento militar dos brabos. A Lara ficou até o fim, levou quedas, aprendeu a frear um pouco e fez algumas descidas.

Eu comecei descendo desengonçadamente como um pato bêbado, mas fazendo o tradicional zigue-zague sem nenhuma queda (fora a tapadice na subida da pista puxado pelo cabo de aço). Depois dessa hora e meia de aula, eu já estava descendo na boa, nas pistas longas normais. No dia todo, só levei uma queda por cruzar os skis em uma curva com buraco.

Para decidir, em outro dia fui experimentar o snowboard de uma forma completamente diferente. Dessa vez fui com dois amigos que já tinham alguma prática. Eles me passaram algumas dicas, fomos para a pente école e desci duas vezes com o snowboard de lado e eu descendo de frente. Quando fui descer de costas, simplesmente não consegui. Resolvi dar uma de doido e propus descer nas pistas normais para aprender na marra. Levei boas quedas, mas funcionou! Aprendi a fazer as curvas fazendo-as de primeira tentativa. O pior do snowboard é quando ele se enterra na neve, travando abruptamente e nos fazendo cair para o lado da descida. Com velocidade e caindo de costas, é ainda mais violento.

Para ficar ainda mais radical e traumático, tinha chovido durante alguns dias e a neve estava compacta e dura, quase como gelo. Por cima dela tinha apenas uma fina camada de neve fofa que não dava tanta manobrabilidade nas curvas e frenagens, dificultando ainda mais o aprendizado. O snowboard fazia frequentemente o barulho de madeira arrastando no chão duro. E as quedas doiam mais.

Achando pouco, os loucos dos meus amigos me chamaram para a pista difícil. E eu mais louco ainda, fui! Derrepente, a pista acaba e não vemos o que tem depois. Quando vemos, não tem mais jeito. É uma pista bem inclinada e ganhamos muita velocidade a todo momento. Eu cai do começo ao fim. Mas não antes de sair da pista e cair em um barranco, me enganchando nos galhos das árvores. Ainda bem que me enganchei neles! Foi bem difícil subir com a inclinação e a neve escorregadia.

Meu ponto de vista em relação aos dois.
Ski: Fácil de aprender, menos quedas, quedas para os lados são geralmente menos lesivas, em caso de queda, o ski solta da bota para evitar torções, anda bem em qualquer situação, mais familiar para quem já andou de patins, para o público em geral (crianças, pouco habilidosos, experts, etc.).

Snowboard: Mais difícil de aprender, mais quedas, quedas para frente e para trás são geralmente mais lesivas, os dois pés ficam presos ao snowboard arriscando torções, chato de se deslocar no plano e frequentes prende e solta botas, mais familiar para quem já praticou skate e/ou surf, para quem gosta de esportes mais radicais.

No final das contas, mesmo todo arrebentado, achei snowboard mais emocionante e já comprei o passe para a próxima temporada no Le relais du Lac-Beauport, que fica a 14Km daqui de casa. O passe que permite usar as pistas a partir de 16h00 custou 109$ na promoção até o fim de março, enquanto que o preço normal é de 300$. Sim! É caro mesmo! Mas o do dia todo custa ainda mais: 600$! Quando chegar mais perto, vou comprar o material. O conjunto de snowboard, botas, capacete e óculos vai desde uns 180$ sendo usado até entre 500 e 600$ sendo novos. Claro que em se tratando de preço de produtos, o céu é o limite.

O frustrante é que nessa época já não presta mais para praticar. J'ai hâte au prochain hiver! Estou ansioso pelo próximo inverno!

Obrigado ao Tarcizo pelos vídeos de ski e ao Gustavo pelos de snowboard.




terça-feira, 13 de março de 2012

Choque cultural reverso



Muito se fala das pessoas que não se adaptam à cultura do país estrangeiro e acabam voltando para o Brasil. Sim, acontece e não são raros os casos. Ao contrário do que muitos têm no inconsciente, aqui não é um Brasil de primeiro mundo. É muito diferente sim.

Porém, existe também o oposto: pessoas que têm muita afinidade com a cultura local, que se adaptam facilmente e que passam a achar o Brasil esquisito, ilógico e muito diferente. Isso causa curiosamente o que chamo de choque cultural reverso. Vejam um email que uma participante de uma das listas de discussão de imigração do Canadá relatou do seu caso, que copio aqui com a permissão dela.

"Eu amo o Brasil e tenho o maior orgulho de ser brasileira. Convivendo aqui no Canada com o mais variado grupo de amigos, vindos do mundo inteiro, me fez abrir a mente e ver que muitas coisas que a gente aprende com a nossa cultura nos ajuda a levar a vida aqui fora (liberdade religiosa, o estado separado da religiao, liberdade de mostrar a bunda na TV, seja la o que for...) de forma mais aberta. Vi isso muito de perto depois de conviver bem de perto com mulcumanos... eu sou tao livre e dona de mim!!!! Ai, numa segunda-feira de setembro passado, eu decubro que tenho que ir ao Brasil de urgencia (depois de 3 anos aqui) e na quarta-feira ja estava enfiada dentro de um aviao... Nao tive tempo de me preparar... alias, a preparacao foi feita dentro do aviao e durante as 8 horas de espera no aeroporto do Rio de Janeiro... que tristeza... parecia que eu estava vivendo um sonho e acordei no pesadelo... Eu olhava aquilo tudo e ficava me perguntando o que eu estava fazendo la... aquele aeroporto parece uma rodoviaria de beira de estrada... e a Copa de 2014 esta chegando (que vergonha!!!!!!!!!!!). E, a partir dai, foram 2 meses de Brasil que me deixaram tao confusa, deslocada, peixe fora d'agua... passava o tempo todo tentando me adequar ao ambiente, as pessoas... que situacao esquisita. Foram 2 meses que eu vivi com medo de ser assaltada, de entrarem na minha casa com uma arma... descobri que nao conseguia mais dirigir normalmente (tinha o meu coracao batendo acelerado o tempo todo com medo de acidente na BR-101), suava frio o tempo todo, olhava as obras, as ruas e entendia que nada eh bem feito, tudo sempre esta por ser terminado (um acostamento de estrada caindo aos pedacos, um viaduto todo remendado, umas ruas que nao levam a lugar nenhum)... e assim, me peguei varias vezes repetindo para mim mesma que "ainda bem que isso eh temporario e minha casinha, minha tranquilidade, minhas coisinhas estao me esperando la em Montreal". Tentei evitar ao maximo de falar do Canada e reparei que as pessoas tb nem queriam saber... tive a sensacao de que nada mudou... depois de 3 anos, as coisas ainda estavam no mesmo lugar: as pessoas ainda reclamando das mesmas coisas, falando mal das mesmas pessoas, o transito esta ainda pior, tudo acontece numa velocidade alucinante e ninguem para para respirar... e conclui que eu nao quero isso para minha vida e que na verdade eu nao cabia mais la... eu quero paz de espirito e tranquilidade... e me fez ver que apesar de toda "liberdade" que temos no Brasil.... ainda vivemos muito presos (dentro de casa com medo de ser assaltado, com medo de morrer num acidente de transito e vivendo dentro de padroes de vida para mostrar para os outros q eu sou o bom). E olha que eu sou de Florianpolis (o lugar para onde todo mundo quer fugir). Por enquanto, meu lugar eh no Canada e eh aqui que eu estou cabendo agora... nao eh o paraiso, mas esta suprindo minhas necessidades do momento."
 
Mariana

segunda-feira, 12 de março de 2012

Horário de primavera-verão-outono começou


Mais uma vez entramos no horaire avancé/Daylight saving time/horário de "verão", que passa desde a primavera até o outono como relatado nessa postagem.

Detalhes nesses links:
http://en.wikipedia.org/wiki/Daylight_saving_time
http://www.timetemperature.com/tzca/daylight_saving_time_canada.shtml

terça-feira, 6 de março de 2012

Tirando a neve, parte 2.1

Esse é o suplemento do complemento, por isso é a parte 2.1. O amigo Taz colocou como comentário o vídeo que eu queria e que estava faltando: o trator tirando a neve do estacionamento. E melhor ainda, ele disse que o preço pago pelo serviço para uma garagem desse porte fica entre 300 e 350$ por inverno. Parece ser caro para o pouco tempo que o trator leva para limpar, mas com uma boa tempestade, esses estacionamentos desse tamanho e sem abrigo perto da rua consomem facilmente mais de uma hora e meia de trabalho.

Valeu Taz!




segunda-feira, 5 de março de 2012

Tirando a neve, parte II

De tempos em tempos, eu gosto de mostrar o lado não tão "bonitinho" da vida daqui do Canadá. Faço isso para não ficar como uma propaganda enganosa. Mas o meu amigo Tarcizo fez um comentário justo: assim fica parecendo que todo mundo tem que fazer essa musculação de tirar a neve de casa. E pela pergunta que um leitor fez, também fica parecendo que isso é algo bem frequente. Por causa disso, resolvi dar mais esclarecimentos como um complemento.

Começando pelo começo. Quando chegamos aqui, é quase certo começarmos alugando um apartamento. Nesse caso, geralmente o déneigement/remoção de neve é responsabilidade do proprietário e o inquilino não precisa se preocupar com nada, a não ser não escorregar e cair quando colocar o pé fora da porta! Olhe que acontece!

Os que compram uma casa têm algumas opções. Uma delas é contratar uma empresa que faça o serviço. Pelo que sei, paga-se por inverno e o preço varia com a área. Alguns exigem que tiremos o carro antes (que pode ser bem cedinho!) para que o trator limpe todo o estacionamento, outros limpam apenas a entrada. Isso acontece, claro, quando temos um abrigo. Acredito que geralmente a parte da entrada da porta da casa até o estacionamento ou a rua fique por conta do proprietário mesmo, mas é a parte mais leve do serviço.

Os aposentados da rua de trás que gostam de ter alguma ocupação, mas não têm mais condições de encarar entre meia hora e duas horas (dependendo da casa) de serviço pesado, adoram usar suas soufleuses/sopradoras de neve. Uma vez, vi um deles limpando mesmo a rua até a casa de frente. Mas não são só eles que usam soufleuses. Quem não gosta da "brincadeira" ou não tem tempo a perder com o serviço, fazem essa opção de bom custo benefício. Uma soufleuse potente, de boa marca e com bons recursos pode começar na casa dos 500$. O investimento se paga em poucos invernos. Rapidinho e quase sem fazer força, ela joga a neve toda para onde quisermos. O motor a gasolina a faz andar e ainda tem marchas para controlar a velocidade.

Já a galera da minha rua, que foi aberta em 2006, é jovem, disposta e ativa ou.... gastaram o dinheiro com outra coisa! Eu me incluo em ambos os casos. A maioria se diverte tirando a neve como eu. Bom, se eles não se divertem aí fica ruim!

Outro detalhe é que nem todo mundo pode acordar mais cedo para remover a neve e tirar o carro. Eu sou um desses. Um carro pequeno pode facilmente ficar atolado na neve da saída caso neve muito. Mas eu tenho o trunfo de ter um quatre pattes/quatro patas (carro com tração nas quatro rodas). Meto a ré, vou embora e deixo para tirar a neve quando volto para casa.

E em relação à frequência, é bem irregular e depende de São Pedro. Já tive que tirar muita neve durante uma hora cada dia, por três dias seguidos. Mas depois disso, passaram-se umas três semanas sem cair um floco de neve. Também tem vezes que cai pouca neve e basta meia hora de trabalho.

Para terminar, achei esse vídeo que mostra alguns aspectos da neve do inverno: um homem usando uma soufleuse, o trator raspando a neve para a margem da pista e o conjunto trator-soufleuse e caminhões removendo a neve. Alguém perguntou se a rua não ficava estrangulada porque eu e os outros jogáva-mos a neve na rua. A nossa rua é mais larga justamente para isso. Mesmo com acúmulo, dá para passar um trator entre dois carros estacionados um em cada lado. Eu é que não arrisco deixar o meu nessas condições! E quando acumula, esse comboio passa removendo a neve. Por sinal, acabou de passar por aqui.

O chato é que esse vídeo começa logo assustando pois mostra a poeira da neve soprada pelo vento forte em um cenário nada acolhedor! E lá vamos nós novamente!



segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Tirando a neve




Estou inaugurando agora uma nova modalidade de postagem, mas não sei como denominá-la. Bom, o formato texto é o mais clássico, podemos usar links e faço minhas traduções no próprio texto com cores para apresentar palavras e expressões interessantes. Mas descrever as cores do outono não é a mesma coisa que mostrá-las nas fotos. E uma foto vale por mil palavras, mas não expressa bem a velocidade de uma descida de tobogã na neve nem mostra quão forte está o vento.

Já faz um bom tempo que tenho editado vídeos para o blog, mas ainda não tinha percebido que posso colocar conteúdo falado nele ao invés de deixar tudo escrito (Dãã!! Meio óbvio, né?). É bem mais interessante fazer comentários enquanto mostramos o que está sendo comentado.

Não pretendo transformar o blog em um vlog (vídeo log) até porque consome mais tempo e demora mais para ser publicado. Mas vou procurar usar esse formato onde for mais apropriado, na medida do possível.

Fica aqui minha primeira experiência mostrando o trabalho que dá tirar a neve de casa, embora eu goste (ao menos, por enquanto!). Desculpem minha ga-gagueira e falta de organização das frases. Foi tudo de improviso e não tive tempo de regravar na mesma ocasião pois, tinha uma tonelada de neve para tirar! Prometo que na próxima vai ser melhor. Obrigado à minha assistente de câmera, a Lara!

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Le domaine de la forêt perdue




Le domaine de la forêt perdue from Alexei Aguiar on Vimeo.

Nossos queridos amigos também vindos do Ceará mas que moram em Montréal nos propuseram um programa diferente. A primeira coisa bizarra...hum...bizarro é muito comum em francês, mas é menos usado em português. A primeira coisa esquisita que saltou aos olhos foi o nome do lugar: Le domaine de la forêt perdue/O domínio da floresta perdida. É o que?!?! É o tipo de situação onde entendemos o que foi dito, mas não o que quer dizer. Me veio à ideia duendes, cavaleiros medievais e maconha mofada temperada com veneno de rato.

Bom, é uma fazenda que tem uma pista de patinação em forma de labirinto com 10 Km de extensão total. Além da patinação, tem os animais para as crianças verem. Sounds interesting/parece interessante! E onde fica isso? Fui consultar no site deles. Notre-Dame-du-mont-Carmel?!?! Hein?!?! Ahh bom! Porque é que não arredondam logo para Trois-rivière (ou troière como eu ouvi uma mulher de lá pronunciar)? É bom porque fica no meio do caminho entre Québec e Montréal, que não é longe. Principalmente quando já viajamos para Montréal o suficiente para não sabermos dizer quantas vezes foram.

Pagamos 14$ por adulto e 12$ por criança. Esses 4 ingressos nos deram direito a compra de produtos da fazenda na saída. Escolhemos um pote de mel puro. Lá é rústico, mas tem estrutura para a quantidade de visitantes, que não era pouca. Tem um galpão com muitas mesas para refeições e outro que não entrei, mas que tinha microondas. Não recomendo levarem para almoço feijoada, buchada, sarrabulho, e outras comidas pesadas e indigestas (a poutine, que é típica do Québec, entra na lista), sob o risco de não ter patinação depois do almoço.

O gelo estava muito bom, principalmente para eu que estava me acostumando a patinar em qualquer buraco. Tem uma máquina que eles desenvolveram para passar pela pista toda com pouco reabastecimento. Quanto à questão de ser um labirinto e se perder, bom, até que pode. Mas não é lá um labiriiiiinto com Minotauro e tudo mais. A melhor definição que eu pensei para esse labirinto foi que pediram para fazer um quadriculado de pistas, mas quem o fez tinha tomado umas cachaças e ficou ondulado. Também, o terreno é bem comprido, mas não tão largo. Se usarmos o tradicional macete para labirintos de seguirmos sempre com a mão na "parede" da direita ou da esquerda, em no máximo 2,8Km percorre-se todo o perímetro exterior e volta-se ao ponto de partida. Cuidado que isso fura para labirintos que tem ilhas, que é o caso, mas basta ir até a borda e seguir a regra.

Na entrada eles vendem baratinho um saquinho pequeno com comida para darmos aos animais. O Davi morria de rir com um cervo comendo na mão dele, porque devorava a comida rápido como um aspirador de pó. Vacas, cavalos, carneiros e bodes são animais de fazenda mesmo. Mas achei curioso que tem também lá lhamas, pôneis e emas ou avestruzes (nunca sei dizer quem é quem).

Portanto, colegas, é um programa legal para quem gosta de patinar e de quebra curtir a natureza. Nesse dia, acho que patinamos uns 7Km e o bonitão do Davi nem reclamou porque estava sendo puxado no trenó, só curtindo.