domingo, 9 de maio de 2010

4 meses. E aí? Valeu a pena?

Já não vemos mais a cidade como turistas. Muita coisa não é mais novidade e sim rotina. Em uma esquina da blv. Charest tem uma pedinte de sinal com uma mensagem em um papelão. Três quarteirões mais à frente, é um cara de visual maluco que pede uns trocados. E depois desse trecho, tem um engarrafamento longo na hora do rush. Teve mais um episódio de corrupção no governo provincial. Vai chover durante esse final de semana todo e tomei uns banhos de chuva a 5 graus para colocar e tirar as compras no carro. Chuva de molhar mesmo e estava sem luvas!
E aí? Valeu a pena?
Para dar um ar de suspense, peço desculpas pela mentira. Ainda faltam 7 dias para completar quatro meses. Ia escrever com três meses, mas resolvi esperar até a situação na qual estamos agora e depois descrevo-a.
Voltando a pergunta shakespereana (ser ou não ser, eis a questão), bom, eu começei o post fazendo drama para criar um falso clima de decepção, mas eu nasci para morar aqui! Me identifico demais com tudo, tudo, até com o frio. Não quero nem falar mais da minha paixão por essa terra e essa gente para não exagerar as expectativas dos futuros imigrantes. A Lara é outra que adora tudo daqui. Precisavam ver a ansiedade dela para ficar mais tempo na escola com a nossa nova rotina. O Davi agora fica em uma garderie que tem, dentre outras crianças, um coleguinha do potencial elétrico dele, e está finalmente imerso em um ambiente francófono. Está aprendendo até árabe! Conto essa no fim do post. E a Mônica, ou melhor, Monica Martins, que se pronuncia Monicá Martan (que sobrenome chique!) e não tem mais o acento, era a que estava menos contente. Só ficava em casa cuidando desta e do Davi, o que não era lá muito interessante. Ressaltei o nome francês porque agora ela está no curso de francisação em tempo integral, ou seja, também imersa no ambiente francófono e ao mesmo tempo inserida em um grupo social. Agora sim! Já faz uma semana que estamos todos no que chamo de fase dois da imigração: Todo mundo fora de casa de dia, convivendo com québécoises, aprendendo francês, absorvendo a cultura e valores, se integrando e adaptando cada dia mais.
Realmente, ao menos em Québec, a qualidade de vida é um enorme atrativo: A porta da varanda para a rua, que fica a meio andar de altura mas facilmente escalável só fica tracada se o Davi mexer, não sei mais o que é preocupação com segurança e violência. A foto do post é de um apartamento vizinho que tem o lado voltado para a rua totalmente de vidro, de parede a parede, do chão ao teto e sem absolutamente nada entre este e a rua. E um brasileiro amigo meu mora eu outro apartamento assim. Às 05h00 da tarde já estou brincando com o Davi no carro, de volta para casa e a Mônica já está lá com a Lara, assim temos mais tempo para a família. Se não tiver chovendo, dá para brincarmos no parquinho público que tem brinquedos muito interessantes até o sol se por, que no momento, está sendo às 08h00 da noite. Final de semana de sol e temperatura acima de 20 graus está ficando comum e a cidade toda aproveita.
Respondendo a pergunta outra vez: No nosso caso, sim! Valeu a pena demais. O que nós procurávamos, achamos aqui.
Ministério da Imigração adverte: Não necessariamente vai valer a pena para o seu caso!
Anexo A:
Quanto à estória do Davi aprender árabe, foi assim. A Nacima, que é a santa que atura o Davi e o outro pimentinha, me perguntou se português era parecido com árabe. Fiquei curioso porque a pergunta é bem esquisita. Ela explicou:
-É que eu sou marroquina e o Halmstad (se o nome do outro menino não for esse, é algo parecido) é argelino. Normalmente falo com ele em francês, mas tem horas que ele não entende e então falo em árabe, já que é nossa língua materna. Muitas vezes o Davi obedece e faz o que eu peço, mesmo que o Halmstad fique parado. Por isso que achei que português talvez fosse parecido com árabe.
-Não é nada parecido. E me surpreendo também de ele te obedecer falando em árabe porque em casa nós falamos em português e ele não obedece quase nada!
Aí vocês dizem: Que legal! Está aprendendo português, francês, inglês e árabe! Muito bem! Mas vai dar um trabalhozinho para entendê-lo, já que ele começa a misturar o português com algumas palavras dos outros três idiomas!

6 comentários:

  1. alexei e monica, que bom que vcs estao satisfeitos e felizes com sua escolha - isso nao tem preco! especialmente quando se tem filhos e as vezes nao sabemos se nossas escolhas refletirao num melhor futuro pra eles. no caso de vcs vejo que a escolha nao poderia ter sido melhor - ja de cara vc descreve brincar com seus filhos umas 3 horas por dia! que maravilha! boa sorte pra vcs e que o sucesso esteja sempre presente na vida familiar e profissional.
    beijos, paola

    ResponderExcluir
  2. Que Deus continue abençando a família linda que vcs tem!
    Em 17 dias tb estaremos aí, mas moraremos em Trois Riviere. MAs quando formos a Montreal passear se possível vamos manter contato pois nosso pimpolhos tem a mesma idade: João 8 e Biel tem 4!
    Um grande abraço.
    Lou , Leo e filhotes

    ResponderExcluir
  3. que bom que nesse tempo que, sim, é relativamente curto, vocês possam ter um post tão bacana, tão feliz. ter essa sensação no coração é fundamental tendo dado um passo destes!!!
    bjks
    p

    ResponderExcluir
  4. Que ótimo ver vocês totalmente integrados ao novo lar. Aproveitem bastante essa qualidade de vida que com certeza é o máximo.

    E a vida segue...

    ResponderExcluir
  5. Oi... Acabei de encontrar o blog de vcs...tb sou cearense (meu marido é piauiense) e estamos morando em Montreal desde junho 2009. Tb estudamos com o Ruy pra fazer a entrevista! Adorei encontrar mais conterraneos por aqui!
    Raquel

    ResponderExcluir
  6. Paola, P e César: Obrigado por partilharem a realização.
    Quebecoer: Beleza, só que moramos em Québec.
    Raquel: Vixe maria, conterranea! :)

    ResponderExcluir