sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Da capital nacional para a capital federal




Dando prosseguimento à nossas excursões turísticas, esticamos um pouco mais o nosso alcance de viagens de carro e fomos até a nossa capital federal. São cerca de 450Km e 5 horas de viagem a partir daqui de Québec. Para Montréal, destino da nossa primeira viagem, fomos pela autoroute/estrada 40 que fica do lado de cá do rio São Lourenço. Dessa vez, fomos pela autoroute/estrada 20, do outro lado do rio. Ambas estradas são impecáveis em qualidade, segurança e conforto. Além de ser ligeiramente mais perto indo pela 20, achamos que tem mais pontos de apoio (postos, lanchonetes, etc.) ao longo desta. Uma estratégia que se mostrou bastante apropriada para quem viaja com crianças é dividir em dois trechos, fazendo uma pausa para almoço e descanso em Montréal. Devido à viagem anterior, dessa vez as crianças foram bem mais à vontade, foram brincando e não acharam ruim. Por falar em Montréal, que terra curiosa! Só no tempo de lavar as minhas mãos e as do Davi no banheiro, ouvi francês, inglês, árabe e chinês!




Ao chegarmos em Ottawa, tivemos uma impressão muito boa. Paramos em um parque à beira do rio Rideau que é bastante bonito e agradável. Tinha um playground com uma espécie de ruína de construção da Grécia antiga para as crianças explorarem.
À ce moment-là/nessa hora (nota do tradutor: os québécois usam e abusam dessa expressão), percebi de cara o bilinguismo da cidade. Ouvi uns 5 grupos de pessoas conversando em francês e apenas um grupo em inglês. Porém, a cidade é mais anglófona por ser de Ontário. É porque do outro lado do rio, fica Gatineau, que pertence ao Québec. Não é coincidência. A capital canadense fica na fronteira para simbolizar a neutralidade entre as suas duas principais nações. Ao contrário de Montréal que é metade inglesa e metade francesa, em Ottawa as placas das ruas são bilingues como, por exemplo, "rue Elgin st." (street/rua).
Chegamos finalmente ao hotel para um merecido descanço. Ficamos no Days Inn, do qual gostamos muito. A localização dele é estratégica. A poucos quarteirões, temos uma pizzaria, supermercado, mercadinho e um shopping center. Ainda tenho saudades da imensa cama king size/très grand (nota do tradutor: é o maior dos três tamanhos de cama de casal) com colcha extremamente macia.
A cidade é bem organizada e limpa, ao menos por onde passamos, e tem mais prédios altos que Québec. O outono deu um toque especial às fotos. E por fazer uma comparação, aí vai um aviso importante que não me deram: Cuidado para não atropelar uma multidão de pedestres de uma só vez! Aqui em Québec, os principais cruzamentos têm uma fase do semáforo exclusiva para pedestres, podendo estes inclusive atravessar em diagonal. Eu, muito acostumado com isso, ia dobrar à direita. Derrepente, quando o sinal abriu e começei a fazer a curva, eis que uma multidão atravessa a rua! Tabarouette/caracas!!! Que susto! Temos que esperar uma oportunidade para poder dobrar. Enquanto isso, o trânsito de carros fica parado até a velhinha atravessar sozinha. Quando ela chega no outro lado, lá vem uma lesma se arrastando e por aí vai. Do que vi, percebi que lá o respeito às leis de trânsito é bem mais rigoroso. O pedestre pode atravessar com bem mais segurança, procura atravessar nas esquinas e na hora certa. Bem... encontrei um québécois tentando atravessar a avenida com o semáforo de pedestres no vermelho, que ia e voltava se arriscando. A sua esposa, de voz muito estridente e de um sotaque québécois carregadíssimo disparou impiedosamente: Ataaaeeeiiinds, lô (attends, la)!! Tu peux casser ta taaaeeeeiiiite (tête)!!/Espere aí!! Tu pode quebrar tua cabeça!! Eu adoro ver esse tipo de situação curiosa!
 Outra diferença cultural interessante é que lá, as pessoas procuram ficar do lado direito da escada rolante para que outros possam passar pela esquerda. Só percebi porque já havia lido sobre esse costume em um blog de Vancouver.




A parte mais turística da cidade fica na região próxima ao parlamento. Onze horas da manhã e eis que toca a famosa melodia de sinos do Big Ben londrino. Isso me fez perceber que o parlamento de Ottawa tem uma semelhança estética ao britânico. Do outro lado do canal Rideau, no Major's Hill Park, tem uma colina que nos permite ter uma vista muito bonita do rio, das pontes, do canal Rideau e dos prédios do Parliament Hill.




Mas o que eu gosto mesmo de fazer quando estou em uma cidade nova não é visitar os pontos turísticos. É "respirar" e sentir a cidade como ela é, com todos os detalhes. É, por exemplo, perceber que a mescla étnica da cidade é diferente da de Québec; ver que a faixa de ônibus e taxis que é apenas preferencial em Québec e em Ottawa tem uma placa bem grande mostrando que se paga uma multa de 150$; que o grande e moderno prédio espelhado reflete um castelo antigo; que se escuta gente conversando em francês, mas muito atendimento dos comércios é feito somente em inglês; que existem placas de carros com um nome ao invés da mistura aleatória; que eu ainda me expresso melhor em inglês que em francês e, finalmente, que parece que eu estou em outro país!





A única queixa que tenho da cidade é que conhecemos alguns parques, mas só encontramos playground para as crianças se divertirem em apenas um deles. Coversando com um casal de avós que mora em Gatineau, eles disseram que de fato, comparando com Québec, tem poucos. Nos indicaram um em Gatineau, mas não tivemos tempo de procurá-lo. Aqui em Québec é difícil encontrar um parque que não tenha brinquedos e que normalmente estes são variados e interessantes, seja este parque de bairro ou mais turístico.
Confirmamos nossa intuição de que seria a segunda opção de moradia depois de Québec. Ambas têm uma fórmula que considero bastante interessante: são cidades menores e por isso não têm os problemas das grandes metrópoles, mas com uma excelente infra-estrutura por serem capitais que ficam nas duas províncias mais fortes do Canadá. Epa! Eu não disse que Ottawa é a capital de Ontário! Eu sei que é Toronto! E Ottawa ainda tem uma vantagem que é de estar na fronteira e permitir ter os dois mundos ao mesmo tempo: morar na québécois Gatineau e trabalhar na ontarian Ottawa. Afinal, o único separatista que vi lá foi o rio!

2 comentários:

  1. Oi Alexei, que legal ter a visita de vocês pelas bandas de cá! Bom que gostaram da terrinha...
    Abraço!

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  2. alexei, super legal o post. e adorei o "separatista" do fim do post ... kkk! vc tem um otimo senso de humor.
    beijos, paola

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