sábado, 16 de abril de 2011

Comprando um Imóvel - Orçamento


Em geral, não se compra um imóvel pagando todo de uma só vez. As taxas de juros daqui são absurdamente inferiores às do Brasil, logo, podemos fazer um financiamento para conseguir algo melhor. Para saber quanto vamos dispor somando a entrada com o valor financiado, precisamos saber quanto podemos pagar de prestação mensual de financiamento.
Uma ideia simplista que logo aparece na nossa cuquinha é a de substituir o valor do aluguel pelo financiamento. Interessante, mas normalmente não funciona. Os custos enquanto morando de aluguel provavelmente serão diferentes dos custos de quando moramos no nosso próprio imóvel. No mínimo, o seguro deve mudar, até porque vai passar de um seguro dos bens que estão no imóvel para o do próprio imóvel, incluindo os bens.
Mesmo se não fosse devido a essa situação, é sempre recomendável ter um orçamento e acompanhá-lo de tempos em tempos. Para nós que já o fazemos desde quando casamos, há 11 anos, é bem mais fácil de conhecer todos os ítens. Para quem vai começar, vai ser um bom exercício de lembrar de todos os gastos para que seja o mais fiel possível à realidade.
Fica muito mais prático de fazer e atualizar um orçamento usando um software de planilha eletrônica como o Excel, do pacote Microsoft Office ou o Calc do OpenOffice, que é gratuito. Feito o orçamento uma primeira vez, eu copio a folha da planilha para gerar outros cenários futuros possíveis ou para uma atualização quando algum elemento muda.
A minha planilha é dividida em duas seções: receitas e despesas. Na seção de receitas, normalmente  colocamos somente o(s) salário(s) líquidos, descontado tudo o que for pertinente, mas podem existir outras fontes como um aluguel. Caso o salário seja variável, temos que fazer uma média dos últimos valores. Uso a função média para guardar os valores, assim posso saber quantos e quais desses foram considerados. No final da seção, temos o total de receitas.
A seção de despesas é que, em geral, é mais "emocionante". Temos que procurar incluir tudo que é recorrente. Para os ítens cuja recorrência é anual, podemos quase sempre dividir por doze para ter seu impacto distribuido mensalmente. O custo de aquecimento, por exemplo, varia consideravelmente do verão ao inverno. Porém, ao menos a Hydro-Québec, que é a companhia elétrica daqui, tem um plano equalizado. Com este, pagamos o mesmo valor durante 12 meses e depois é feito um ajuste. Senão, com um pouco de disciplina podemos fazer nós mesmos essa equalização, guardando as sobras e injetando nos meses mais dispendiosos.
Alguns ítens são sempre constantes e muito fáceis de serem lembrados como tv por assinatura. Outros mais variados vão requerer observação ou estimativa como gasto de combustível do carro. Recomendo incluir, mesmo que seja uma estimativa não muito precisa, os ítens relativos a gastos com roupas e lazer. Os extratos da conta e dos cartões de débito e crédito ajudam a fazermos esse levantamento.
O seguro varia de acordo com a sua abrangencia de cobertura, com o imóvel e até com o fato de ter um hidrante perto ou não. Tenho dois valores para casas que consegui perguntando, um de 40$/mês e outro de 70$/mês.
Em sites de anúncios de imóveis como o DuProprio  e Remax, podemos ver ítens importantes como as taxas municipais, taxa escolar, custo de eletricidade (que muitas vezes embute o aquecimento), bem como outras. Caso o imóvel que procuras não tenha esses valores, podes usar sites como esses para ter uma ideia do custo. Para quem quer ter uma casa, vale citar que no inverno, alguém tem que tirar a neve da calçada e do estacionamento. Uma amiga me disse que optou por pagar 300$ por inverno. Em alguns casos, a casa não tem calçada e podemos usar toldos para o estacionamento e entrada da casa. Assim, só remove a neve quem quer fazer algum exercício para queimar as calorias do chocolate quente. Eu gosto de exercício, mas não tenho lá essas calorias todas.
O interessante é que fazendo dessa forma, a conta em geral não condiz com a realidade, mesmo que sejamos bem precisos. Isso ocorre porque existem custos que não são recorrentes ou cuja periodicidade é irregular. Exemplos: comprar os pneus de inverno, comprar patins, uma viagenzinha, etc. Para prever esse tipo de custos e deixar a planiha mais equilibrada e real, acrescento uma folga percentual aos custos. Quando o nível de variação e incerteza é maior, uso 20%, como nos primeiros meses de Canadá. Hoje, por estarmos em uma situação mais estável, baixei esse valor para 10%.
Não gosto de usar cartão de crédito. Para o efeito de praticidade, uso o cartão de débito. O problema do cartão de crédito é que ele estimula o efeito de comprar com o dinheiro que não temos, o que atrapalha o controle por ter efeito retardado. Compras parceladas então são uma armadilha traiçoeira. As contas vão se acumulando sem "doer" a curto prazo. Quando percebemos os gastos mais altos, já era! Ainda passamos meses de "ressaca" financeira.
No mais, vale uma regrinha boba que até meus amigos formados em economia e contabilidade sabem, mas negligenciam: Temos que gastar menos que ganhamos! Parece óbvio mas nem todo mundo consegue se conter.
Pronto para começar? Divirtam-se!

7 comentários:

  1. Minha planilha do Excel está sempre atualizada.

    E a vida segue...

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  2. Bom texto, uma sugestão, linhas em branco entre os paragrafos vai melhorar a legibilidade.

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  3. Nossa, eu tenho uma dficuldade enorme com planilhas e numeros. rs Sou jornalista e amo escrever, mas qdo o assunto é cnta, fico meio pirada. Mas vc me ajudou muito com as ss dicas aqui.. ja vou preparar a nossa planilha antes mesmo de chegar ai.Acho bom deixar as contas mais organizadas... rs beijos e merci!!!!!!

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  4. Interessante quando se consegue colocar em pratica mesmo. Aqui em casa meu marido é das finanças, mas se nega a usá-las (planilhas) p nossa econ. domestica, apesar de eu sempre insistir, mas enfim enquanto der certo a tática dele, não posso me queixar!

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  5. Eu fazia o orçamento familiar com o gnucash, que é grátis e tem versão p/ windows (www.gnucash.org), mas parei há dois anos e não voltei mais :( Gosto muito desse software, mas ele é meio chatinho pois tem que saber alguns conceitos de contabilidade p/ usá-lo.

    Concordo que cartão de crédito é meio traiçoeiro, mas ele tem várias vatagens. Uma é poder comprar pela internet, outra é usá-lo em viagens p/ o exterior. Mas a principal é o esquema de pontos, já fiz algumas viagens grátis por conta disso.

    Esse post me animou um pouco a colocar o controle financeiro nos trilhos novamente, parece que o dinheiro rende mais quando você faz isso :)

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  6. alexei, adorei o post! nos tb faziamos uma planilha mas ha alguns meses deixamos de lado. mas agora que li seu post fiquei tod animada em voltar ao bom habito.
    beijos!

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  7. Oi, gostei de saber sobre a reserva que vcs levaram p/ começar a vida aí.Nossa grande preocupação é esta tb. Quanto podemos dispor para iniciar a vida aí. Levando em conta uns 4 meses sem emprego. Não temos condição de vender nosso apt., é nosso refugiu se algo der errado. Pensamos em levar uns 30 mil dolares. É o q conseguiremos a principio. O q vc pode nos orientar??
    sagacanadense@blogger.com

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