sábado, 23 de janeiro de 2010

Primeiras impressões depois de uma semana


D'autres photos de la première semaine


Passa da uma semana (na verdade, 8 dias), acho que está na hora de contar minhas primeiras impressões daqui. Algumas coisas que vou falar devem ser gerais em termos de Canadá, outras em termos do Québec (província) e outras particulares de Québec (cidade). Não posso dar precisão porque ainda não pisei nas outras cidades. Ainda!

Cidade: Québec é linda, mas a palavra que acho mais apropriada é charmosa. Principalmente estando branquinha. Tem um ar europeu (apesar de nunca ter estado na Europa) estando na América do Norte. O bairro de Vieux-Québec está na lista de patrimônio mundial da Unesco. Ela é uma cidade pequena (500.000 habitantes), que exclui os problemas de cidades grandes, mas tem muita coisa. Não é como cidadezinha do interior onde falta tudo, até porque aqui é que é a capital. Aqui neva mais que Montréal, que neva mais que Toronto. Oba! O ponto ruim que vi foi que a grande maioria dos imóveis é de madeira. Qualquer coisinha e incomodamos o vizinho de baixo.

Transportes: Não vi engarrafamento nenhum e olhe que trabalho no centro. O sistema de transportes é bom, tem linhas de metrobus (uma norte-centro-oeste e outra leste-oeste) que passam de 3 em 3 minutos e inclusive, a maior parte das vezes que ando de ônibus, vou sentado. Pagando uma passagem, podemos pegar um bilhete que permite fazer conexão com outros ônibus sem pagar mais. Só não pode usar para voltar. Tem um cartão eletrônico que podemos carregar por 70$ (ou perto disso) e rodar o quanto quisermos durante o mês. Tem gente que só encosta a carteira com o cartão dentro no leitor para fazer o registro.

Pessoas: Para a surpresa de muitos, o québecois/quebequense/quebequiense (ao menos daqui) não é frio, trancado e sério. Pelo contrário. São simpáticos, fazem piadas, são gentis, educados. Nunca me senti tratado diferente por ser imigrante ou por não falar bem francês. Pelo contrário. Tentam ajudar e em duas situações, perguntaram se eu falava melhor em inglês para facilitar. E facilitou! Procuro não falar em inglês fora do trabalho, por isso, não sei dizer se é fácil ou não encontrar quem fale inglês nas ruas. Uns me dizem que todo mundo fala, outros dizem que não é bem assim.
E para minha surpresa, aqui não é uma nação fast-food. No trabalho, as pessoas levam para lanchar banana (yes, nós temos banana!), maçã e cenoura com aipo, por exemplo. Eles comem saladas, cereais, nozes, frutas, cogumelos, peixe, frango e outras comidas saudáveis. Tem fast-food, claro, como em toda parte do mundo (excluindo as tribos do Xingu). Mas na máquina do trabalho que tem as latas de refrigerante, tem outras de sucos e tem uma coisa que é tipo uma sopa ou sei lá o que é. O reflexo disso é que não são gordos como os estadunidenses (americano é quem é das américas). Todo dia vejo gente correndo, mesmo com -8 graus. Também praticam outros esportes.
Alguém me disse que em Québec só tem velhos. Não tem nada a ver. Não notei nenhuma distorção, nenhuma diferença. Mas parece que tem mais gente que assume os cabelhos grisalhos que no Brasil. Por falar em cabelhos, tem muito maluco aqui. Outra vez, quando entrei no ônibus, dei de cara com um motorista de moicano bem alto e espinhento, com as laterais bem ralas. Tem mulher com cabelo pintado de azul e roxo, homens e mulheres com penteados emo, e por aí vai. O mais bizarro é um treco redondo nas orelhas que alargam um rasgo que chega a caber um dedo mínimo. Lembra os índios Txucarramãe. Imagino Montréal!
São ecológicos. A coleta do lixo comum é separada da coleta do lixo reciclável e feita por caminhões diferentes. Usa-se uma espécie de caixa azul de plástico para guardar o lixo reciclável chamada bac (ou quelque chose comme ça).
Aqui, muitas coisas se baseam na honestidade e na confiança. Se você não gostar do produto que comprou, já abriu e usou, eles nem perguntam porque e te devolvem o dinheiro. No meu trabalho não tem registro de ponto e cada um contabiliza a sua quantidade de horas semanais. Ainda é difícil para mim, mas me dizem que como chegou às 08h00 (formato de hora daqui) ao invés das 08h30 oficiais, posso almoçar em 30 minutos e sair às 16h00! Aí eu disse que era esquisito sair assim enquanto os outros trabalhavam. E me disseram que ninguém vai nem reparar, meu chefe não vai ligar porque é assim mesmo. A conta das 8 horas diárias não fechou, não é? Outra coisa que me disseram é que o regime de 40 horas semanais é padrão da matriz estadunidense (business, money, workaholic), que é "arredondado" informalmente para 35 horas semanais mais comum aqui (trabalhar para vier e não viver para trabalhar). Porém, trabalho é trabalho. Aqui a galera trabalha mais focado e rápido. Claro que dá para dar um tempinho para resolver alguma coisa particular, ou fazer uma brincadeira, mas não ficar a toa embromando ou papeando no telefone. Aliás, aqui eles usam telefones racionalmente. E o atraso típico brasileiro não é benvindo aqui.

Frio: É frio no inverno, e daí? Não vou gostar é do calor do verão.

Custo de vida: Estou achando mais baixo que o de Montréal, Toronto, Calgary e Vancouver. Aqui, com 1000$ por mês se vive em uma avenida importante, de um dos bairros mais nobres, em um prédio com piscina interna. Estou paquerando (calma Mônica! Leia o resto!) um apartamento que dá para ir ao trabalho a pé, um metrobus passa a 200 metros de lá e com ele, em 30 minutos chegamos ao extremo oeste onde ficam os 3 shoppings vizinhos, o HSBC e a grande Universidade Laval. Tem boa isolação acústica, duas vagas de estacionamento, varanda, fica no quarto e último andar, com elevador, construção recente, etc. Isso por menos de 800$ por mês com o aquecimento e agua quente inclusos.

Tá bom né, gente. Depois eu conto mais senão vira um livro e não um post. Vai de brinde mais fotos. Até.

4 comentários:

  1. Oi Alexei, é muito bom ouvir suas impressões. Gosto muito dos seus post.
    Abraço e sucesso por aí!

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  2. Alexei
    Tenho muita vontade de ir ppor estas bandas, tenho parentes em Montreal e que vejo nas fotos sao cidades lindas e com o ar realmente muito europeu.
    O custo de vida esta bom pelo que falastes, pois no acho nada bonito barato e com piscina em Calgary por 800 nem chorando.

    Pena que a area de trabalho do marido nao nos permite ir pra ai morar, quem sabe St Jonhs srsr
    Tudo de bom

    Danielle

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  3. Muito legal esse post com suas primeiras impressões. Só queria deixar registrado que não te reconheci na foto que ilustra o post. Tá bem diferente da foto ao lado com a digníssima.

    E a vida segue...

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  4. Pati: Obrigado.
    Dani: É mais complicado de vir de Calgary para esse lado do Canadá, mas daqui a um tempo você vai acabar sendo turista e vai poder rodar por várias cidades por aqui de uma só vez.
    César: O cabelo estava no meio das costas, mas se não o cortasse, iria sair com ele molhado e congelaria. Foi um bom motivo para cortá-lo depois de 13 anos. Vida nova, cara nova.
    E o cabelo segue...

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