terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Sistema de saúde canadense, parte I


Um ano e um mês e ninguém ainda tocou no assunto polêmico do sistema de saúde canadense, nem eu, nem vocês. É que nós ainda não tinhamos utilizado-o de forma mais ampla para poder expor uma opinião mais experimentada.
De antemão, adianto logo uma conclusão que tenho de diversas, longas e acaloradas discussões que pude observar sobre o assunto: Não se pode dizer que o sistema de saúde canadense é melhor ou pior que o brasileiro. Uma coisa posso afirmar: Não é igual!
Existem inúmeros fatores complexos que causam uma variação absurda na qualidade do serviço médico, tanto no Canadá quanto no Brasil. Varia de acordo com a cidade, a gravidade, o local do serviço, o horário, o dia da semana, a lua, sorte, azar, carma, etc. Tenho ouvido muitos relatos de ótimo a péssimo em ambos países. Inclusive, por exemplo, do sistema de saúde público de Palmas (TO) ser bom e de alguns planos de saúdes privados de renome em algumas cidades brasileiras serem péssimos. Enfim: É como querer comparar qual dos povos é mais bonito.
Dito isso, vale observar outro ponto. O sistema de saúde não é composto somente de hospitais e atendimento de emergência. Inclusive o conhecimento e a boa utilização dos recursos de saúde que temos afeta o resultado. Muita gente, por não saber, acaba tendo um tempo de espera maior que o necessário por estar no lugar errado. Aqui no Québec, o sistema começa pelo serviço Info-Santé, através do telefone 811. Eles dão desde orientações de como proceder em casos mais simples até qual o local mais adequado para irmos em uma emergência, baseando-se inclusive na nossa localização, problema e idade.
A Mônica estava com o punho doido por causa de uma queda de patinação e eu experimentei pela primeira vez o serviço. A atendente fez uma bateria de perguntas e chegou à conclusão de não se tratar de nada muito grave. Passou um analgésico e compressas de gelo, mas com um prazo de observação para, caso não melhorasse, que procurássemos um médico. Conto sobre a outra vez que liguei para ele mais à frente.
Outra porta de entrada do sistema de saúde são as farmácias. Os farmaceuticos daqui têm certa autonomia e resolvem os casos mais simples. Também sempre que compramos algum remédio com receita médica, eles dão uma explicação muito completa, inclusive com umas folhas de instruções. Eles servem também para nos dizer dentre os trocentos tipos de Tylenol, qual é o certo para a nossa situação. Tem deles cuja descrição é muito parecida com a de outros.
Subindo na escala, temos o médico de família. Ele é o clínico geral que, se necessário, nos encaminha para um especialista. Como o nome diz, ele atende toda a família e sob vários aspectos. É bom procurarem um após a poeira da chegada baixar. Muitos já vão estar fechados a novos pacientes. Tem deles que atendem somente com rendez-vous/horário agendado. Outros que atendem por ordem de chegada. No primeiro caso, em geral, espera-se dias ou até meses, mas o horário é definido. No segundo, bons minutos ou horas.
Subindo mais, temos as clínicas. Neste ponto, vale uma explicação. O sistema de saúde geral é público, enquanto que em algumas áreas é privado. Quem trabalha pode ter um plano privado para essas áreas não cobertas pelo plano público, como por exemplo: Dentista (tratamentos mais simples), oculistas, etc. Essa página da Regie de l'assurance maladie explica mais precisamente o que é e o que não é coberto. Os remédios são subsidiados pelo plano privado da empresa preferencialmente ou pelo plano público na ausência do primeiro.
E em instâncias mais graves, temos os hospitais. Estes funcionam por priorização. Se o caso for grave, o atendimento vai ser mais rápido. Se não for grave, pode demorar consideravelmente. Por isso que disse que vale a pena conhecer as alternativas para não perder horas desnecessariamente nestes. Um detalhe curioso é que quem chama a ambulância é que paga os custos dela. Se ligar para o 911 e este chamar a ambulância, é o governo quem paga-a.

Continua na parte II.

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