A loucura começou bem antes do show. Os mais malucos acamparam na noite anterior para guardar os lugares mas próximos da entrada, e assim garantirem as suas partidas antecipadas para ocuparem os melhores lugares perto do palco. Quem chegou até duas horas da tarde mais ou menos conseguiu entrar, mas ficaram entalados na entrada sem ver nem mesmo os telões. Eu cheguei lá para as seis horas e vi uns três quarteirões de multidão ocupando quase a largura da rua toda, iludidamente pensando que entrariam no espaço principal. Mais uma vez me surpreendi ao ver que não tinha nada delimitando a largura da fila, mas mesmo assim havia uma faixa lateral na rua desocupada e ninguém furava esta. Nesses casos, esperava que as menores distancias livres fossem ocupadas primeiro. Mas na rua, quem quisesse poderia furar a fila. Ao menos teria acesso físico! Se o pessoal iria gritar alguns sacres/palavrões québécois eu não sei.
Eu já sabia que iria para a zona F, uma região grande mas que fica por detrás do palco e que tem somente um telão. Melhor assim. Era menos tumultuado e não conseguiria ver o palco de qualquer maneira se estivesse nas região das outras seções. Impresionante é que mesmo em um show de rock pesado como esse, ainda assim tinha carrinhos de bebês e crianças acompanhando os pais.
Acho que já chegou a hora de dizer que depois de uma banda québécois e antes do show do Metallica teve a apresentação do Joe Satriani. Coitado! É um exímio guitarrista, fez uma bela e profissional apresentação, mas foi brutalmente ofuscado pelo brilho metálico. Eu fiz o mesmo aqui nessa postagem para dar mais realismo. Acho constrangedor ver que a maior vibração da galera não foi durante seu show mas quando ele disse quem seria a próxima atração. Pauvre toi!/Coitado de ti!
Já a atração principal fez cerca de duas horas e meia de show detonante. Os principais hits da sua carreira fizeram a multidão de 115.000 metaleiros (alguns senhores e crianças não eram tão metaleiros assim) ir à loucura. "Era meu sonho vivenciar isso aqui", disse James Hetfield, vocalista e guitarrista. "Meu também!", disse o comedor de rapadura brasileiro de nome russo que mora no Canadá. Não encarei o que ele disse como o puxa-saquismo tradicional movido pelo marketing. O que acho que ele quis dizer é que é um privilégio de poucos músicos poder sentir a energia de uma maré de gente gritando e se agitando como a que ele viu.
Como no conto de Cinderela, meia noite acabou o show porque regras são regras. Mas eles ainda passaram muito tempo agradecendo, aplaudindo o público, jogando palhetas e baquetas e se despedindo.
Mais uma vez, todo mundo saiu devagarzinho, educadamente e sem empurrar. Apenas uns gaiatos de plantão cantando alto as músicas brego-românticas do Eric Lapointe (que se apresentou também em outro dia) e fazendo piadas. E eu, de sorriso de orelha a orelha, colecionei mais um show inesquecível propiciado pela nossa capital do metal que faz parte das rotas das grandes atrações musicais.
N'importe quoi...
Je t'appelais dans la nuit...
Pour te dire...
N'importe quoi...
(letra da música do Eric Lapointe)
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