domingo, 17 de janeiro de 2010

Eu posso te mandar de volta ao Brasil agora mesmo! Parte 2

Depois fui pegar as malas. Como estava entrando com mais de 10.000$, segui para alfandega/aduana/customs/douane. Lá, já começei pagando o primeiro mico. estava com uma mala pequena, uma grande, a super mochila Tabajaras e a pasta de documentos. Quando tirei o formulário de muamba, faltou mão. Então, eu o segurei temporariamente com os lábios.
-Ei! Não bote na boca! Eu vou pegar nele!
-Desculpe, desculpe!
-OK
Ao contrário do que fazia com os outros, ele não reteve o formulário e me encaminhou para uma sala. Legal é que o aeroporto é bem grande e às vezes saimos por um lado diferente do que entramos, então, é bom perguntar para onde fica o próximo passo, senão perdemos tempo por causa do tamanho do aeroporto. E quatro horas de conexão podem não ser suficientes, caso tenha que fazer tudo que eu tive que fazer e com as filas.

Chegando nesta sala, o cara tirou a clássica dúvida do que colocar no formulário de Goods to Bring/Goods to Follow (bens de entrada/bens posteriores). Eu perguntei se deveria declarar as roupas e ele respondeu sorrindo que não. Apenas coisas de valor. Entendi como fiscalização antimuamba, já que a vizinha estava levando cachaça e outras bebidas em várias garrafas e o fiscal estava vendo até o conteúdo delas contra a luz. Ele também riscou a linha onde eu declarava dinheiro e disse que não era necessário declará-lo. Eu mostrei a relação das séries de travellers cheques bem organizadinha com os valores, totais, etc. e ele adorou pois tinha que preencher em um formulário e ficava mais prático assim. Aí, ele disse:
-Quatro celulares?!
-Cinco.
-É muito, não?
Entendi que estava fazendo uma insinuação e que mais uma vez, se o inglês e a humildade não estivesse sendo bem utilizados, poderia entrar em fria, mesmo com o aquecimento do aeroporto.

-A minha esposa trabalha em uma operadora celular e eu trabalhei também. E essas operadoras dão celulares para os funcionários.
-Ahh sim! Tudo bem.
Na saída, embarquei novamente as malas, simplesmente colocando-as em uma esteira. Ainda perguntei ao funcionário se elas iriam para o Québec mesmo. Ele disse que havia uma triagem baseada no número da etiqueta. E chegaram mesmo. A galera da lista disse que tem um aviso de que temos que colocar com as rodinhas para cima e que eles reclamam quando não o fazem. Nem vi o aviso, mas intuitivamente fiz assim mesmo. Oba! Menos um mico.

Saindo de lá, fui atrás do embarque para Québec. Li o cartão de embarque e não encontrei o número do treco de embarque. Realmente não tinha. Perguntei a uma funcionária e ela disse que era o treco 2 e escreveu somente 128 no cartão. Estou usando a palavra treco porque me esqueci o termo que ela usou. Quando subi, vi a indicação de terminal 1. Andei um bocado e achei o 3. Então perguntei ao faxineiro onde ficava o terminal 2. Ele disse:
-Foi desativado. Não existe terminal 2.
Ué!! E agora? Depois que percebi que 128 era o número do portão de embarque. Putz ! O aeroporto de Fortaleza só tem 6 portões de embarque, como é que eu ia saber que no aeroporto de Toronto a numeração vai até 136?! Depois de andar uma eternidade, achei-o no final do final de um corredor. Interessante que vi dois carrinhos motorizados levando pessoas com dificuldades de locomoção, com motoristas. Pensei até em pedir carona porque as pernas estavam cansadas.

Quando terminou tudo e fui sentar para descançar, já era 08:00h e o voo saia às 09:20h. Tentei usar a rede Wifi do aeroporto para ligar para casa do super Voip phone Nokia Tabajaras, mas não funcionou e perdi meus 6$ por uma hora de acesso. Acho que barram a porta do protoloco SIP. Tentei ligar do telefone da Bell que usa cartão de crédito (tem vários desses lá), mas ele disse que a operadora utilizada para esse destino não aceitava cartão de crédito.
O voo para Québec foi num avião Bombardier pequeno da Jazz/Air Canada. Tinha filas com 2+1 assentos, que é menos que os 2+2 do Boeing 737e Airbus A320. Tinha uma parte da parede do meu lado solta e também uma argola da cortina. A aeromoça deu um jeito na cortina. Dessa vez, os avisos eram dados primeiro em francês e depois em inglês, já mostrando a mudança de província. Como já era dia, pude ver que Toronto e o lago são muito grandes, vi a Sears Tower, e vi que só tinha umas sujeirinhas de neve. Era tão pouca que nem tinha percebido que era neve. Achava que era areia, já que não era tão branca.
Depois de tantas horas de voo, o trecho de uma hora até Québec foi moleza. Quando ficamos abaixo das nuvens, vi a cidade linda. Estava com tanta neve que apelidei-a de Branca de Neve.
Cheguei, peguei as malas rapidinho porque tinha pouca gente, e fui trocar as notas de 100$ que o super papai me deu. Na casa de câmbio, a mulher trocou uma por 5 notas de 20$. Sai para pegar um taxi. Nesta hora, ficou mais complicado, porque troquei o inglês que estava me saindo super bem pelo francês meia boca. Consegui me comunicar mas por segurança, mostrei o endereço escrito. O cara não era muito de conversa e eu sou mas, dadas as circunstâncias, só coube perguntar qual era o nome de uma avenida e depois se as pessoas de lá falavam inglês. Ele respondeu que todo mundo lá fala inglês. Dei um desconto na expressão "todo mundo" e fiquei feliz, porque não era o que eu pensava.
Na hora de pagar, dei duas notas de 20$ e nem conferi o troco que teve moedas. Não foi nem por confiança. É que as porcarias das moedas tem os número bem pequenos e escondidos. Temos que decorar logo para poder usá-las sem demorar e atrapalhar. Ele falou umas coisas que não entendi. Depois que ele saiu, lembrei do lance da grojeta/tip. Acho que o que ele tinha falado era que não tinha o troco exato e que ele iria arredondar para mais porque tinha me ajudado com as malas.
Finalmente, cheguei ao apartamento da Ana, que é uma brasileira que mora há 10 anos em Québec e que aluga um quarto do seu apartamento para os recém chegados. Aí, pude finalmente voltar a falar sem dificuldades em português e ter a segurança e o bem estar de um lar, embora não seja meu.
E vendo maravilhado a parte baixa da Branca de Neve até o horizonte a partir da janela do meu quarto que termino essa emocionante aventura com final feliz.

Ainda estou devendo as fotos. Calma! Vai já.

8 comentários:

  1. Essa "pequena" aventura foi pra mostrar que você vai tirar de letra tudo que aparecer.
    E a vida segue...

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  2. fotos! fotos! queremos ver! hehehe
    otimo novo inicio de vida proce. :)
    beijinhos!
    Cecilia

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  3. Olá!!
    Boa Noite. Me chamo Louise e pretendo partir em Maio. Fiquei cansada só de ler o blog de vcs..rs
    Poderiam tirar uma dúvida? Vcs foram direto com os filhos de vcs? É que temos 2 pimpolhos e ficamos inseguros as vezes de irmos juntos. E poderiam nos mandar o contato da Ana? Quem sabe precisaremos dela tb? Rs
    Boa Sorte e Abços
    Lou e Leo de Salvador

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  4. por favor relatem isso na comunidade brasil quebec, para comentários do pessoal.
    Vai ser de grande valia.

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  5. Vou falar com ela para saber se ela quer publicidade. Se quiser, vai para o post de serviços que está sendo feito aos poucos.

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  6. Olá, gostaria do contato da Ana também, se puder me enviar, ficarei muito grata.
    =)

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  7. Alexei, eu trabalhei 2 anos e meio na TAM aqui de Recife e a regra das rodinhas para cima existe aqui também... eu sempre pedia isso para os passageiros, mas quase nenhum fazia ou prestava atenção. Uma vez tive que chamar a polícia federal porque um passageiro ficou me xingando e falando que ele não tem obrigação de fazer isso e que os funcionários são pagos para pegar as malas dele...

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  8. Então é padrão, né? Não sabia. Afe que arrogância!

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