segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Minhas mancadas diárias


Cheguei para o gaúcho que trabalha na empresa e disse:
- A rata do dia de ontem foi...
- A o que?
- A rata do dia.
- Rata? Como assim?
-Desculpe. Rata é isso que acabou de acontecer. Uma mancada, só que no dialeto cearense.
E quase todo dia faço algumas. Eis uns exemplos.
- Cara, tem horas que tenho de falar algo específico com o pessoal da empresa e é uma dificuldade com o meu nível de francês.
- Ué! fala em inglês.
- Mas não estou falando da nossa equipe de desenvolvimento que é bilingue.
- Alexei, todos os funcionários dessa empresa falam inglês também. É requisito de contratação.
E a funcionária do HSBC me chamando se monsieur Agüiar (o som do u separado do i, como Agu-iar)? E eu nem aí, assinando meus 230 travellers cheques. Depois da segunda tentativa em vão, ela veio para a minha frente e só então percebi que era o meu sobrenome pronunciado por um francófono. Além do mais, nunca me chamaram pelo sobrenome.
Outra vez, estava vestindo o gorro e as luvas entre as portas interna e
externa do supermercado quando uma senhora veio guardar o carrinho de compras justamente onde eu estava. Pedi desculpas e fui para o outro lado. Eis que a porta interna não era de correr como a externa. Ela abriu na minha direção e estava ao lado de uma pilha de caixas. Fiquei segurando-a com o pé e ficamos brigando que quem empurra mais. Agora pronto! Vou ficar preso aqui! Depois de uns bons segundos, ela desistiu e fechou.
Quando vi o rio São Lourenço com as placas de gelo, fiquei tão embasbacado que nem percebi que o gelo perto da grade fazia uma pequena rampa um pouco inclinada. Quando pisei, o pé escorregou uns 20 centímetros em direção do outro e perdi o equilíbrio. Fiquei sambando no gelo com os dois pés até estabilizar. A galera que estava perto ficou rindo. E eu também, já que ainda não foi dessa vez que inaugurei minha pouca almofada glútea no chão daqui!
E tem pessoas que falam um francês mais enrolado de forma que não entendo, mas dizem que é só usar o contexto. Pois bem, estava sentado sozinho em uma das 6 cadeiras da mesa quando uma senhora apontou para uma delas e disse algo que não entendi nem mesmo uma só palavra. Bom, pensei que ela estivesse perguntando se poderia se sentar. Respondi que sim, mas para o meu espanto, ela se virou e continuou procurando cadeiras. Então percebi que ela deve ter perguntado se a cadeira estava reservada. Não funciona sempre. Já tinha acabado de jantar mesmo, me levantei e disse a ela que estava livre.
Na Zellers, uma loja de departamentos daqui, perguntei ao caixa se poderia tentar pagar com o cartão de débito temporário do HSBC, já que seria a primeira vez. Ele disse que sim e registrou a venda. Eu mostrei o cartão a ele e ele disse novamente:
- Sim, você pode.
E eu fiquei olhando para ele, esperando ele pegar o cartão, e ele parado estava, parado ficou. Depois de alguns segundos constrangedores, percebi que algo estava errado. Foi quando ele disse: Pode usar a maquininha!
Eu é que tenho que passar o cartão, confirmar o valor e escolher a opção CHQ de cheque que até hoje faço sem saber o porque, mas funciona!
No vestiário da empresa quando ia embora, a bota estava esquisita no meu pé. Até que percebi que naquele mar de botas, aquela não era a minha. Ainda bem que o dono não estava lá.
Da mesma forma, a chave não estava abrindo a porta porque estava no apartamento errado. Acho que só não chamaram a polícia porque não devia ter ninguém lá naquele momento.
Pior mesmo foi a de uma brasileira que disse para o chefe que iria "fouquer" no trabalho. Ele respeitosamente disse que não era aquilo que ela queria falar. Essa eu não cairia porque já havia suspeitado da pegadinha. Não existe cognato para o verbo focar em francês. Ao invés desse significado, eles entendem como sendo um anglicismo de to fuck, afrancesado como se fosse "fuckar" em português. Então, para o chefe, ela havia dito: "Eu quero f... no trabalho". Ainda bem que o chefe não entendeu como uma cantada.
O importante é não se grilar, pedir desculpas, rir da situação e se preparar para as próximas que com certeza virão.

4 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
    Quase me acabo de rir com as suas "ratas". Fiquei me imaginando aí... A cidade inteira ficaria sob epidemia de leptospirose kkkkkkk
    Sem tais episódios vc não teria do que rir depois.

    Bjo

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  3. Hahahahahahaha. Como você disse o jeito é rir e levar na boa.

    E a vida segue...

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  4. Caraca só rindo mesmo!

    Estou vendo que precisarei treinar minha cara de pau e jogo de cintura, porque com minha tmidez não saberia o que dizer em momentos assim hehehehe.

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