sexta-feira, 2 de abril de 2010

No semáforo vermelho, devemos parar, passar ou reduzir?



Essa pergunta pode parecer idiota, mas é mesmo idiota! Até o Davi já sabe que é para parar no sinal
vermelho! Pois bem, essa é uma das perguntas do teste simulado para exame teórico da carteira de motorista do Québec. Ainda bem que só vi esse teste agora, perto de fazer o exame. Se tivesse o visto antes, não teria lido o livro de preparação. As perguntas do simulado são muito fáceis. Porém, achei o teste real mais difícil.
A Societé de l'Assurance Automobile do Québec ou simplesmente SAAQ, onde fazemos os exames teórico e prático aqui no Québec, é bem grande e movimentada. Tem muita gente sendo atendido por ordem de chegada, com senha, mas no meu caso, eu tinha um rendez-vous/hora marcada. O cara da recepção me disse que iriam me chamar pelo serviço de som na hora marcada, no guichê 22. Esse guichê e outro ficam em uma seção destinada a nós imigrantes, mas com um outro termo o qual não me lembro exatamente.
De fato, pontualmente (como muita coisa aqui no Canadá) às 10h30, uma funcionária foi para esse guichê e chamou: Monsieur Alexi Agüiar (Agu-iar). Agora eu já sei que esse é o meu nome! Ainda bem que quem chamou não foi a moça do guichê 13. Ela chama com um sotaque carregadíssimo de chinês. Não entendia nenhum nome. A funcionária, muito educada e simpaticamente, pediu o cartão de residente permanente, a confirmação de residente permanente (não sei porque, já que para termos o cartão, precisamos ter chegado!), a carteira de motorista brasileira, a sua tradução juramentada e.... adivinhem: O C.S.Q. 'stie!!! Calis!!! Tabernake!!! Pela terceira vez!!!! Só que o comedor de rapadura aqui dessa vez já estava mais maceteado. Falei com ar de advogado que sabe decorado o artigo do código de sei lá o que: Eu fiz o processo federal para Toronto. Nesses casos, um comprovante de residência no Québec é suficiente. A funcionária concordou. Yess!!!! Macete validado!!!
-Voilá le bail/Eis o contrato de aluguel.
-Não é aceito.
-Hydroquébec?
-Sim. Opa! Mais isso é o contrato. Só aceitamos faturas!
-Correspondência do banco?
-Hum....
-Fatura da Rogers?!?!?!?!
-Ahh! Essa é suficiente!
Ainda bem que eu ando bem municiado de papéis. Dá para alimentar uma cidade de traças. Assim como quando fui tirar o NAS, pude optar pelo(s) sobrenome(s) que irá/irão aparecer, já que se tratar de um documento de identidade. Optei por manter o padrão do NAS de usar apenas o último sobrenome, como a tradição local. Fiz um examezinho rápido de vista com uns losangos quadriculados onde tinhamos que responder em qual posição estava o diferente: en haut/em cima, en bas/em baixo, a gauche/à esquerda e a droite\à direita. A mulher explicou bem direitinho.
De lá, fui encaminhado para o guichê 14 para tirar uma foto. Quando nós menos esperamos, PUFFF!!!! Lá se foi o flash e pronto! De lá para a sala de exame.
O exame em "computador" pode ser feito em francês ou inglês. Em papel, tem espanhol, grego, árabe, italiano, e outros, mas não tem português, ao menos aqui em Québec. Coloquei computador entre aspas porque só tem 5 teclas e os desenhos e letras são bem parecidos com o que tínhamos nos primeiros videogames (dá-lhe Atari e Odissey!!!). Tem uma tecla para cada opção de resposta, de A a D, e um V para validar a resposta escolhida, que pode ser alterada até apertarmos o V. Se a resposta for errada, aparecerá um quadro piscando ao redor da resposta correta. São três grupos de perguntas denominados Securité routiére/Segurança rodoviária, Signalisation/sinalização e Spécialisation/Especialização (nem sei de que se trata!). Cada grupo tem respectivamente 16, 16 e 32 questões, podendo errar 4, 4 e 8 questões.
A pergunta de ensaio é safada: Em uma estrada, o que é proibido de ser transportado em uma casa reboque (tipo motor home)?
A) Animais;
B) Inflamáveis;
C) Pessoas;
D) Armas.
O Bom senso acusa logo os inflamáveis e as armas porque são mais ligados a perigo. Porém, a resposta correta é pessoas! Quem disse que tem cinto de segurança para elas em um treco desses?
Bom, quando começou valendo, já errei de cara a primeira questão! Caramba! Começei mal! Vai daqui, vai de lá e errei duas, por isso o primeiro grupo só teve 14 questões, já que não fazia mais diferença responder as últimas duas. Errei também duas no segundo grupo e quatro no terceiro. Pelas minhas contas, exatamente a metade do que poderia errar nas três mas, como não saiu resultado, ainda fiquei de suspense.
Então a funcionária deu os parabéns e disse que eu passei! Uuuhhuuuuu!!!!
Eu li o livro "Guide de la route" todo, que fala sobre as regras de trânsito de uma forma bem detalhada e por vezes, de forma monótona. Já o "Conduire un véhicule de promenade", minha fonte de emprésimos perdeu o rastro dele mas, como duas pessoas me disseram que não o leram e passaram, resolvi fazer o mesmo.
Bem, não existem  regras em relação ao que é necessário fazer para passar, logo, não me culpe se não passares! Cada um é cada um. O que eu posso dizer é que o entendimento do texto é muito importante, logo, o idioma ter uma boa influência. Outra coisa importante é o velho bom senso. Por exemplo: Eu via muito nos textos a palavra klaxonner/buzinar. Ora! Se não aparece nenhuma vez no livrão todo, então é porque não é recomendado fazer. Quando uma opção dizia que deveriamos klaxonner, eu já a eliminava de cara. Suspeitei pelo contexo que fosse buzinar e agora confirmei que é isso mesmo. O bom senso me indicou a resposta certa, por exemplo, sobre o que fazer quando o carro derrapa na pista escorregadia por causa da neve ou gelo. Isso deve estar no livro que não li.
No guichê seguinte, mas sempre sendo atendido logo e chamado pelo nome, optei pela carteira de aprendiz porque preciso dela para a tentativa de financiamento do carro (estória longa e que ainda não acabou. Aguardem!). 50$ em papel ou 60$ em plástico. Já saimos de lá com um papel que serve de documento, pois tem o número da carteira. Pelo que a moça disse e para a minha surpresa, a carteira brasileira ainda vai valer até o fim dos 3 primeiros meses.
Agora é marcar a prova prática para o mais cedo possível e mandar bala! Vamos lá que a luta continua.

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